O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, cobrou que os países desenvolvidos deem suporte ao financiamento para a preservação de florestas. Sem citar nominalmente o empresário Elon Musk, dono do X, antigo Twitter, Lula disse que o bilionário terá que usar o dinheiro para “ajudar a preservar” o meio ambiente.
“Hoje nós temos gente que não acredita que o desmatamento e as queimadas prejudicam o planeta Terra”, disse, em evento de lançamento do programa União com os Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia. “Tem até bilionário tentando fazer foguete, tentando fazer viagem para ver se encontra espaço lá fora, não tem. Ele vai ter que aprender a viver aqui, ele vai ter que usar muito do dinheiro que ele tem para ajudar a preservar isso aqui.” A cerimônia ocorreu nesta terça-feira, 9, no Palácio do Planalto.
O chefe do Executivo brasileiro aproveitou a presença de um representante do Conselho Europeu no evento para dizer que os países desenvolvidos “têm que compreender que ele tem que pagar para que os países que têm floresta em pé levem a sério essa questão”. Segundo o petista, “o mundo rico tem que pagar pelo que fizeram no passado, é uma dívida com o planeta Terra”. “Eles têm que pagar, ajudar a financiar, para que a gente possa dar aos prefeitos, às pessoas que moram [na cidade], a certeza de que vai valer a pena ele preservar, ter uma agricultura sustentável”, defendeu.
No discurso, Lula pediu que as áreas tenham conhecimento sobre suas responsabilidades. Nesse sentido, ele comentou que, muitas vezes, o governo federal, os governos estaduais e os municípios “jogam a responsabilidade” um para o outro. “Quando tá ruim, ninguém é pai da criança, aí todo mundo foge do assunto; nós não queremos fugir do assunto. Temos um compromisso assumido por conta e risco nosso que até 2030 vamos anunciar ao mundo desmatamento zero nesse País”, disse.
Segundo Lula, manter florestas em pé, muitas vezes, têm um maior ganho econômico que manter rebanho de gado. “Tentar fazer as pessoas compreenderem que manter a floresta em pé é um ganho econômico às vezes muito mais do que um rebanho de gado. Não que não seja necessário criar o gado, mas o gado pode ser criado em um lugar que não se precisa derrubar floresta”, comentou.
O programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais na Amazônia prevê R$ 730 milhões em investimentos para promover o desenvolvimento sustentável e combater o desmatamento e incêndios florestais em 70 municípios prioritários na Amazônia.
Os recursos serão destinados a ações nos municípios a partir da lógica do “pagamento por performance”: quanto maior a redução anual do desmatamento e da degradação, maior será o valor investido.
Segundo o governo federal, apenas por aderirem à iniciativa, todos os municípios receberão R$ 500 mil em equipamentos e serviços para a estruturação de escritórios de governança que melhore a gestão ambiental, a cooperação entre governos municipais e federal e o monitoramento do desmatamento.
De acordo com o Palácio do Planalto, os municípios aptos a participar da iniciativa foram responsáveis por cerca de 78% do desmatamento no bioma no ano de 2022. Até o momento, 53 municípios aptos já aderiram ao programa – eles são responsáveis por 59% do desmatamento na Amazônia. Os 17 restantes ainda podem firmar o termo de adesão até 30 de abril.