O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para uma reunião na residência oficial do Palácio da Alvorada ainda neste domingo (7). O principal assunto será a turbulência política na Petrobras, de acordo com interlocutores do presidente.
Outros ministros, como Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação, também devem comparecer.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, tem balançado no cargo nas últimas semanas. Desde o início do governo, Prates tem atritos com o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, pasta que tem influência sobre a estatal. Rui Costa, da Casa Civil, também não concorda com posições de Prates há frente da empresa.
O estopim foi em março, quando o governo determinou que seus representantes no conselho da Petrobras votassem contra o pagamento de dividendos extraordinários. Prates se absteve, gerando mal-estar no Palácio do Planalto.
O tema dos dividendos criou grande desgaste para a estatal. No dia seguinte a essa decisão de represar o pagamento, a empresa perdeu cerca de R$ 53 bilhões em valor de mercado.
Dividendos são recursos baseados no lucro da empresa que são pagos aos acionistas. Há os ordinários e os extraordinários. O pagamento dos extraordinários não é obrigatório, por isso o governo pôde defender o represamento.
Só que o mercado financeiro interpreta essa ação do governo como uma interferência política na estatal. Além disso, o não pagamento dos dividendos extraordinários pode sinalizar que a empresa é menos lucrativa do que poderia para os acionistas, o que derruba o valor dos papéis.
Agora, o governo até mudou de ideia e deve votar a favor do pagamento dos dividendos na próxima assembleia da Petrobras. Isso se deve a uma necessidade de recompor as contas públicas, já que os dividendos rendem impostos para a União. Mesmo assim, a situação de Prates não melhorou.
Fritura de Prates
A posição do presidente da Petrobras passou a desagradar não só os ministros Costa e Silveira, mas também o próprio presidente Lula.
Quando o governo pretendia represar os dividendos, a intenção era dar uma aparência de caixa mais robusto na empresa. Isso era considerado estratégico para uma boa imagem para tomar financiamentos no mercado. Quanto mais caixa, em tese, mais capacidade de pagar financiamentos. E o governo quer dar Petrobras uma ação massiva de investimento, o que requer captação de capital no mercado.
Mesmo decidindo pagar os dividendos, a intenção de investimentos pesados permanece. Lula tem repetido nos últimos dias que a Petrobras não é uma empresa só para o lucro dos acionistas, mas também para servir a toda população brasileira.
O presidente gostaria que Prates tivesse capitaneado ações mais agressivas de investimento em seu mandato à frente da estatal, o que, na visão do Planalto, não ocorreu.