Não deu certo a transferência envolvendo uma permuta de 220 detentos de três presídios da Grande Natal, operação realizada na tarde desta quarta-feira (18). É que a juíza corregedora da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, onde 26 detentos foram mortos no final de semana, não aceitou a entrada de novos internos na unidade. A Secretaria Estadual de Segurança (Sesed) confirma a história, mas não sabe explicar o que causou a mudança nos planos. Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal.
Ao todo, 116 presos que saíram da Penitenciária Estadual de Parnamirim, também na região Metropolitana da capital potiguar – e que deveriam ficar custodiados em Alcaçuz – tiveram que ser acomodados na Cadeia Pública de Natal, como é mais conhecido o Presídio Provisório Raimundo Nonato Fernandes. A unidade fica na Zona Norte da cidade.
A assessoria de comunicação da Sesed limitou-se a dizer que cabe à juíza corregedora de Alcaçuz, Maria Nilvalda Torquato, explicar a razão de não ter autorizado o recebimento dos detentos.
parcialmente concluída por volta das 18h39, quando 220 presos deixaram Alcaçuz em quatro ônibus de turismo locados. Eles foram retirados dos pavilhões 1 e 2 por policiais militares do Batalhão de Choque e agentes penitenciários do Grupo de Operações Especiais da Secretaria de Justiça e da Cidadania. Em contrapartida, a Sesed informou que 100 presos foram retirados do PEP para Alcaçuz. A Secretaria de Segurança também não consegue explicar porque a quantidade de presos levada para a capital não bate com o que foi informado, ou seja, porque foram levados para a Cadeia Pública de Natal 116 detentos, e não apenas os 100 que saíram de Parnamirim.
Segundo a Vara de Execuções Penais da capital potiguar, a Cadeia Pública de Natal tem capacidade para acomodar até 216 presos. Até a semana passada, contudo, a unidade abrigada 560 detentos. Com a chegada dos 116, agora possui 676 homens, número três vezes maior que deveria comportar.
Confronto
Os integrantes do Sindicato do RN, a mais numerosa organização criminosa do estado, estão em confronto com o Primeiro Comando da Capital (PCC), que domina um dos cinco pavilhões de Alcaçuz. Detentos das duas facções rivais estão soltos dentro da penitenciária.
Assim como tem ocorrido desde a matança, vários detentos passaram a noite desta quarta-feira sobre os telhados dos pavilhões. Outros fizeram fogueiras. Desde 2015, Alcaçuz não tem grades nas celas, destruídas durante uma rebelião. Antes, elas existiam, mas ficavam abertas