A jornalista do Distrito Federal Cristiane Damacena foi alvo de uma série de ataques racistas no Facebook depois que trocou a foto do seu perfil na rede social no dia 24 de abril. Os comentários começaram a aparecer alguns dias depois e foram permeados com termos como “macaca”, “escrava”, “sorriso de m….” e “modelo de senzala, só se for”. Na nova foto, ela vestia uma roupa amarela, o que motivou um insulto que diz “lembra a banana pra ela”.
A vítima acabou por registrar ocorrência na 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia) no dia 30 de abril e a Polícia Civil do Distrito Federal abriu uma investigação. Os autores podem responder por injúria racial.
O episódio repercutiu muito na internet. A foto alvo dos ataques foi até o fim da tarde desta quarta-feira, 6, objeto de 21 mil curtidas, 14,9 mil comentários e 556 compartilhamentos, a maior parte deles em apoio à jornalista. Muitos a comparavam à vencedora do Oscar de 2014, Lupita Nyong’o, por sua atuação no filme “12 anos de escravidão”.
Procurada, ela não respondeu ao pedido de entrevista feito pelo jornal O Estado de S. Paulo. Em sua página no Facebook, ela agradeceu o apoio recebido: “Pessoas queridas, diante de tantas ligações e mensagens de apoio, eu só posso agradecer a todos vocês. Gostaria de responder e abraçar cada um. Sei que não vai ser possível fazer isso. De qualquer modo, obrigada a todos”.
Os policiais avaliam que é possível chegar a todos os suspeitos. Nos últimos três anos, a Secretaria de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos registrou 944 casos de injúria racial. A secretaria oferece o serviço de Disque-Racismo pelo telefone 156 e promete ampliá-lo em breve.
Casos de racismo têm sido comuns em Brasília. No ano passado, uma cliente australiana de um salão de beleza na Asa Sul, bairro nobre da capital federal, agrediu a manicure Tássia dos Anjos, que a acusou de “raça ruim” e foi presa em flagrante. O caso ocorreu no mesmo dia em que uma cobradora foi vítima de ataques racistas por uma passageira.
Em 2013, caso semelhante ocorreu em uma padaria, também na Asa Sul. A cliente não concordou com o preço cobrado por um suco e passou a gritar dizendo que “eram os negros que queriam roubá-la”.
Em 2012, um médico se atrasou ao chegar para assistir um filme no cinema e tentou furar a fila. Alertado pela atendente que não poderia fazer aquilo, ele disse: “Seu lugar não é aqui, lidando com gente, você deveria estar na África, cuidando de orangotangos”.