O empresário João Dória Jr. foi definido como pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSDB, no segundo turno das prévias do partido, realizado neste domingo (20). A candidatura será homologada na convenção do partido em julho. O empresário venceu de W.O, após o outro concorrente, Andrea Matarazzo, anunciar a desistência e desfiliação do partido.
A votação em 58 zonas eleitorais ocorreu em diversos pontos da capital. O resultado foi divulgado por volta das 20h, pelo presidente do PSDB, Mário Covas Neto, na Câmara Municipal de São Paulo, onde foi realizada a apuração.
O segundo turno teve 3.266 votantes, com 3152 (96.5%) votos para Dória, 68 votos em branco (2.1%) e 46 (1.4%) nulos. “Esperamos que a partir de agora, o PSDB possa estar unido para vencer as eleições de outubro”, disse Covas Neto.
“É no voto que se faz democracia”, disse Dória, durante comemoração da vitória nas prévias. Ele fez homenagens ao ex-presidente FHC, José Serra, Alberto Goldman e José Aníbal. ” Não há ressentimentos de nossa parte”, afirmou. E não economizou nas críticas ao PT. “Quero dizer aos petistas, militantes, apoiadores do governo em qualquer instância: vocês vão ter um guerreiro para varrer o PT da cidade de São Paulo e varrer o PT do Brasil.”
Militantes gritaram em coro: “Brasil, pra frente, Geraldo presidente”, ao ouvirem Dória. O candidato atacou o ex-presidente Lula.
“É uma eleição municipal, sim, mas será uma eleição nacional, porque o Lula ja disse que vem para defender o seu filhote, Fernando Haddad. Venha defender o pior prefeito da história de São Paulo. Não com militante pago com R$ 30, sanduíche e refrigerante, é com o povo. Nós vamos mostrar com programas, propostas e iniciativas o que é o PSDB”, afirmou.
Dória disse que acredita na reunificação do partido após sua vitória nas prévias. “Agora é uma bandeira só, a do PSDB’, afirmou. “Nós vamos homenagear aqueles que, mesmo que tenham atuado, defendido outras candidaturas, são lideranças importantes.”
O PSDB chegou a consultar o deputado Ricardo Trípoli, que tinha ficado em terceiro lugar no primeiro turno e estava fora do segundo turno, se ele gostaria de participar da votação no lugar de Matarazzo, mas Trípoli recusou.
Matarazzo anunciou na sexta-feira (18) a desfiliação do PSDB após o partido revogar a decisão de adiar o 2º turno das prévias para definir o candidato do partido à eleição para prefeito de São Paulo, em outubro. Matarazzo já entregou sua carta de desfiliação à executiva do PSDB.
Após anunciar o resultado, Mário Covas Neto comentou a saída de Matarazzo do partido, e avaliou a desfiliação com pesar. “Acho que perde, sim. Mas não a ponto de perder a eleição. Perde a ponto de perder um quadro importante, que poderia estar contribuindo para a campanha ser menos difícil do que certamente será.”Ao anunciar a saída do partido, Matarazzo acusou Dória Jr. de irregularidades no dia da votação do primeiro turno. “O comportamento de parte do partido nestas prévias que é uma réplica do que o PT está fazendo e o PSDB condena. Vimos compra de votos sem cerimônia com gravações para comprová-la, transporte de eleitores, constrangimento de pessoas, seguranças dentro dos locais de votação e uso da máquina pública”, escreveu Matarazzo, em nota. “Tudo isso me faz acreditar que o PSDB não é mais o partido que ajudei a construir.”
Matarazzo havia solicitado o adiamento do segundo turno. “Dada a insegurança jurídica e ilegalidades cometidas pelo outro candidato, pedi o adiamento do segundo turno das prévias”, alegou. O diretório municipal adiou o segundo turno para 30 de abril, mas a executiva estadual manteve as prévias para este domingo.
Na carta, Matarazzo expressa sua “indignação diante do descalabro ocorrido nas prévias para escolha do candidato do PSDB a Prefeitura de São Paulo.” O vereador diz que “ao se deparar com as barbáries ocorridas ao longo do processo das prévias” percebeu “que ele se transformou na negação do que, desde a sua origem, o PSDB pregou.”
Ele aponta que viu no dia da votação “o intensivo uso da máquina do governo do Estado, bem como o ilegal abuso do poder econômico”. Em nota, Matarazzo afirmou: “Eu entrei nessa prévia para ser o prefeito de São Paulo e não para ser cabo eleitoral para 2018.”
“Ao longo do fatídico dia 28 de fevereiro assistimos perplexos a ostensiva e irregular publicidade eleitoral; a prática escancarada de boca de urna (definida como crime eleitoral); o transporte massivo de eleitores; a oferta de alimentação; a realização de festas com oferecimento de bebida alcoólica; a violência nos locais de votação; o impedimento dos fiscais exercerem suas funções; a afronta ao exercício do voto secreto; a intimidação física e moral de eleitores. E a pior das afrontas: a compra de votos”, disse Matarazzo.
Matarazzo diz que O processo foi “completamente contaminado pelo arranjo do pré-candidato João Dória Jr.” e “foi definitivamente colocado sob suspeição a partir das próprias declarações do postulante, confessando à imprensa que faz pagamentos mensais a militantes tucanos para obter apoio nas prévias.” Para ele, “isso é ilegal, imoral e indecente.”
Matarazzo reclama da “passividade com a qual o processo está sendo tratado” e da “intervenção do diretório estadual no diretório municipal.”
“O PSDB ainda é um partido formado por uma parcela de pessoas dignas, militantes dedicados e batalhadores, lideranças inquestionáveis, mas que também foram atropeladas por essa forma arcaica, atrasada de se fazer política. Sou profundamente grato a essa militância tucana que não se dobrou à pressão e exerceu seu direito de votar livremente na disputa interna. Ela sempre terá o meu respeito.”
Resposta de Dória Jr.
João Dória Jr. negou ter feito pagamentos a cabos eleitorais e ter sido de alguma forma beneficiado com o uso da máquina do governo do estado. Ele lamentou a saída de Matarazzo do partido.
“Não é depreciativo você não vencer. O que é triste é você não saber perder”, afirmou. “Eu não fiz essas declarações. Não houve nenhuma irregularidade de nenhuma espécie. O vereador Andrea Matarazzo está desestabilizado emocionalmente por conta da primeira derrota que sofreu nas prévias e pela iminência de ser derrotado pela segunda vez no segundo turno das prévias. Sair atirando não é um gesto correto de alguém que se diz democrata”, completou Dória.
“Não houve de nenhuma máquina e quem fez campanha durante sete anos ocupando uma função pública, de vereador, gabinete, funcionários, automóvel, combustível, alimentação, não fui eu”,afirmou.