“Queremos liderar o segmento de SUVs no País.” Assim Sérgio Ferreira, diretor geral da JeepAmérica Latina, define a ambição da marca com seu primeiro produto fabricado no Brasil, o utilitário esportivo compacto Renegade, que começou a ser produzido em série este mês em Goiana, Pernambuco, na primeira fábrica construída após a fusão da Fiat com a Chrysler no grupo FCA. Embora não revele o volume esperado, para ser o número um dessa faixa do mercado brasileiro será necessário vender mais de 50 mil unidades/ano, já que o líder Ford EcoSport vendeu 54 mil em 2014. O carro estará à venda nas 120 concessionárias Jeep (serão 200 até o fim de 2015) a partir de abril, mas já tem 25 mil interessados inscritos no site da empresa. “Isso demonstra todo o interesse real que o Renegade gerou no público brasileiro desde sua primeira exibição, no Salão do Automóvel de São Paulo (em outubro passado), e nos deixa confiantes em um bom desempenho”, afirma Ferreira.
Assim como seus concorrentes, o Renegade vai transitar em faixa superior de renda, onde o mercado parece ter sido menos afetado. Os preços começam em R$ 69,9 mil na versão de entrada Sport com motor flex 1.8 de 132 cavalos (com etanol) com câmbio manual, e chegam a R$ 116,9 mil no topo de linha Trailhawk com motor 2.0 turbodiesel de 170 cavalos, que tem tração 4×4 e transmissão automática de nove velocidades. Contudo, incluindo alguns opcionais como teto solar, monitor de pressão dos pneus, airbags laterais, cortina e joelhos, tomada de 127 volts, sensor de ponto cego e sistema de estacionamento automático, o valor passa fácil de R$ 120 mil. Para junho já está prometida uma versão de entrada mais barata, por R$ 66,9 mil.
O Renegade será vendido em três versões de acabamento, Sport, Longitude e Trailhawk, com duas opções de motorização para todas elas, 1.8 flex ou 2.0 diesel, além de três tipos de transmissões: manual de cinco marchas e automática de seis ou nove. A expectativa é que 22% das vendas sejam das versões diesel 4×4 e os 78% restantes serão de 1.8 4×2. “Baseamos essa projeção no interesse demonstrado pelas pessoas que viram o carro no Salão do Automóvel”, diz Ferreira. Veja abaixo os preços sugeridos de todas as opções:
• Sport 1.8 Flex manual: R$ 69.900
• Sport 1.8 Flex automática 6: R$ 75.900
• Sport 2.0 Turbodiesel automática 9: R$ 99.900
• Longitude 1.8 Flex automática 6: R$ 80.900
• Longitude 2.0 Turbodiesel automática 9: R$ 109.900
• Trailhawk 2.0 Turbodiesel automática 9: R$ 116.900
COMPLETO
O Renegade cobra seu preço, mas é bastante completo desde a versão mais simples. O acabamento interno está acima da média indigente nacional: painel e portas têm revestimentos emborrachados, suaves ao toque, e o volante é revestido em couro sintético. Todas as opções vêm de série com sistema de som, ar-condicionado, acionamento elétrico de vidros, faróis de xênon, freio de estacionamento eletrônico, travas e retrovisores e direção elétrica. Além dos airbags frontais e freios com ABS obrigatórios por lei, o Jeep também traz de fábrica o sistema eletrônico de controle de tração ESP, fornecido pela Bosch, que já produz o equipamento no Brasil.
A versão diesel promete ser a mais potente e econômica do mercado. Os 170 cavalos do motor turbinado, importado da Itália, empurram o Renegade de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos, chegando à máxima de 190 km/h. O câmbio automático de nove marchas ajuda bastante na economia, fazendo o motor girar a apenas 1.000 rpm a 120 km/h, ou seja, quase como se estivesse em ponto-morto. Com isso, o carro oferece a maior autonomia de sua categoria. O Renegade 4×4 também promete a maior capacidade fora-de-estrada entre seus concorrentes, com o sistema Jeep Select-Terrain herado já presente em seus irmãos maiores, como o Cherokee, que tem quatro opções de tracionamento nas quatro rodas, dependendo do tipo de terreno: automática, lama, areia, neve e pedras.
A versão 1.8 flex usa o motor E.TorQ da Fiat fabricado em Campo Largo (PR), que passou por algumas modificações para garantir mais torque (em torno de 18 kgfm, com 90% disponíveis a partir de 1.500 mil rpm) e por isso ganhou a terminologia E.torQ Evo. A potência de 132 cavalos, contudo, permaneceu a mesma.
O sistema multimídia, que integra som com seis alto-falantes, navegação GPS, comando por voz e conexão com celular, está disponível como opcional na versão Sport e vem de série nas demais. Opcionalmente, no Renegade Longitude e Trailhawk é possível trocar a tela tátil de 5 polegadas por outra maior, de 6,5 polegadas. Nas duas versões mais caras também pode-se instalar o sistema de áudio Beats, da Apple, com nove falantes e potência de 506 watts. Existem, ao todo, 60 combinações de opcionais e 71 acessórios.
O Renegade tem três anos de garantia com assistência 24 horas e carro reserva incluídos por todo o período. No caso da motorização flex, o intervalo das revisões foi aumentado e ocorre a cada 12 mil quilômetros ou um ano, e a cada 20 mil quilômetros para as versões diesel.
O Jeep Renegade tem qualidade para disputar o cada vez mais populoso segmento de SUVs compactos no Brasil. Não se sabe ao certo o quanto esse mercado pode ser elástico para acomodar todos que querem uma fatia dele. O certo é que clientes terão de vir de outras preferências para sustentar tamanha ambição de vendas de todos os competidores que estão chegando à mesma faixa de areia. Ferreira estima que apenas metade dos compradores do Renegade virão de outros SUVs, e que os outros 50% serão consumidores de outros modelos, como sedãs e hatches médios.