O terceiro integrante da dinastia Bush a visar a Casa Branca lançou sua campanha com um logotipo que acrescentava um sinal de exclamação a seu nome e evitava o sobrenome. Inclusive, no início da disputa, enfrentou dificuldades ao tentar se posicionar sobre a decisão de seu irmão de invadir o Iraque em 2003.
Na última segunda-feira, o nome que há um ano aparecia como o favorito para conseguir a candidatura republicana para as eleições de novembro se viu obrigado a recorrer ao irmão, confiante em conseguir um empurrão na tentativa de se tornar uma alternativa razoável a Donald Trump.
“Vi em meu irmão uma tranquilidade e uma convicção indestrutíveis, e espero que os eleitores também vejam isso”, disse George W. Bush em seu primeiro ato de campanha por Jeb em North Charleston, no estado da Carolina do Sul, que neste sábado será o terceiro a votar no processo de primárias.
Esse foi o primeiro ato político em mais de sete anos do ex-presidente americano, que se manteve afastado dos holofotes desde que abandonou o poder, em 2009, com um índice de aprovação de 34%.
Embora seu legado ainda seja incômodo para o Partido Republicano, dividido sobre seu intervencionismo na política externa e na recessão econômica na qual acabou seu mandato, George W. Bush é muito popular na Carolina do Sul, estado que impulsionou sua campanha presidencial em 2000 e que também apoiou seu pai, George H. W. Bush, em 1988.
“Este é o território Bush”, comentou Lindsey Graham, o senador republicano pela Carolina do Sul que se encarregou de apresentar o ex-presidente na segunda-feira.
A decisão de recorrer ao irmão mais velho não foi fácil, e não só pela polêmica sobre sua gestão, mas também, segundo o jornal “The New York Times”, pelo temor de que George W. Bush ofusque o pré-candidato, que não alcançou o entusiasmo esperado.
Um pouco disso aconteceu na segunda-feira em North Charleston, onde muitos eleitores indecisos compareceram ao ato só para ver o ex-presidente e alguns inclusive abandonaram o comício assim que ele terminou seu discurso e deu espaço para Jeb Bush.
“Eu votei duas vezes em George W. Bush, mas agora Jeb é minha segunda opção. No início eu apoiava Jeb, mas ele não parece ter muita energia”, explicou Ron Rash, de 65 anos, eleitor de Marco Rubio que exibia orgulhoso um boné com a letra W em homenagem ao ex-presidente.
Não faltaram elogios a George W. Bush ao longo de seu discurso, interrompido inclusive por gritos de “Sentimos sua falta” do público quando o ex-presidente brincou que sentia pouca saudade do estresse diário de Washington.
Jeb Bush ocupa o quinto lugar nas pesquisas de intenção de voto na Carolina do Sul e necessita desesperadamente um impulso após um quarto lugar em New Hampshire e um quinto em Iowa.
“Se não conseguir um bom desempenho na Carolina do Sul, temo que ele desista, e isso me assusta porque só deixaria Marco Rubio e Ted Cruz como alternativas viáveis a Trump”, afirmou Pamela Hamilton, militante de Jeb Bush que acredita na evolução da campanha com a ajuda de George W. Bush.
Em um Partido Republicano cada vez mais farto da velha política, a ideia de enviar um terceiro Bush à Casa Branca não seduz tanto, mas Hamilton não concorda com essa linha de pensamento.
“Eu acredito que seria interessante ter outra campanha de Clinton contra Bush. Parece divertido”, comentou.
Para Heidi Rodríguez, que aproveitou uma viagem do Tennessee à Carolina do Sul para ver o ex-presidente em ação, disse ter mais confiança em Ted Cruz do que em Jeb Bush, mas acredita que o ex-governador da Flórida fez bem ao abraçar mais diretamente suas raízes e defender a gestão do irmão perante os ataques de Trump.
“Família é família e, se você não aceita isso, as pessoas farão especulações e as coisas podem acabar mal. É preciso dizer claramente: ‘Esse é meu irmão, e esta é minha família'”, opinou a eleitora.