A Coreia do Sul e o Japão concluíram nesta segunda-feira um acordo histórico sobre a espinhosa questão das “mulheres de conforto”, como eram denominadas as mulheres coreanas forçadas a trabalhar nos bordéis para os soldados japoneses durante a II Guerra Mundial, e que continua a envenenar as relações entre os dois países ainda hoje.
Não é a primeira vez que o Japão reconhece a existência destas mulheres, e até já pediu desculpa. A novidade é a promessa de uma indemnização, algo que Tóquio sempre recusou. O Japão pediu desculpa e vai pagar mil milhões de ienes (7,5 milhões de euros) de compensação a estas mulheres, forçadas a trabalhar em bordéis durante a II Guerra Mundial.
“[Shinzo] Abe, como primeiro-ministro do Japão, pede desculpas do fundo do coração a todos os que sofreram e que ficaram com cicatrizes que são difíceis de sarar física e mentalmente”, disse Fumio Kishida, ministro japonês dos Negócios Estrangeiros, após o encontro com o homólogo sul-coreano, Yun Byung-se.
Segundo a BBC, este valor será dado a um fundo administrado pela Coreia do Sul. O ministro sul-coreano afirmou, que este acordo será “definitivo e irreversível” se o Japão cumprir as suas promessas.
Na Coreia do Sul, estão ainda vivas 47 das cerca de 200 mil mulheres que foram obrigadas a prostituir-se com os soldados japoneses, e lutam pelo reconhecimento do que o Estado japonês lhes fez, e por uma indemnização. Recusam o termo prostituição, porque dizem ter sido enganadas e forçadas a abandonar as suas casas, com a promessa de um emprego. Em vez disso, foram levadas para longe e mantidas em cativeiro, onde eram exploradas sexualmente. Na China, pelo menos outras 200 mil mulheres terão sido colocadas em bordéis, num esquema semelhante.
O tema das “mulheres de conforto” tem sido um obstáculo nas relações entre Coreia do Sul e Japão. Havia no entanto esperança de que este ano, quando se assinalaram os 70 anos da rendição do Japão na II Guerra Mundial, após o lançamento das duas bombas atómicas norte-americanas sobre território nipónico, que este assunto pudesse ficar resolvido. Mas o discurso do primeiro-ministro Shinzo Abe, em Agosto, no aniversário da capitulação, tinha esfriado essas expectativas.