Os incêndios florestais na Amazônia e no Pantanal, os piores em quase duas décadas, estão disparando as emissões de carbono do Brasil. É o que indica um relatório do observatório europeu Copernicus, divulgado nesta segunda-feira (23), que contabilizou 183 megatoneladas de carbono emitidas pelo país entre janeiro e 19 de setembro.
O número ultrapassa tanto o registrado em todo o ano de 2023, quando as queimadas emitiram 152,8 megatoneladas de carbono, quanto a média anual, de 161,6 megatoneladas. Com isso, os pesquisadores indicam que 2024 se encaminha para um patamar semelhante ao de 2007, quando foram contabilizados 362 megatoneladas de carbono.
Até o momento, as emissões em setembro somam 65 megatoneladas, o equivalente a mais de 35% do total já emitido neste ano. Tal resultado foi puxado pelos incêndios florestais no Amazonas e em Mato Grosso do Sul, que registram as maiores emissões das últimas duas décadas. Foram 28 megatoneladas e 15 megatoneladas, respectivamente.
São Paulo também está presenciando uma atividade incomum de incêndios. Em agosto, o estado registrou 5.281 queimadas – maior número para o mês desde o início do monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A fumaça resultou em uma qualidade do ar muito ruim no estado, que, em 9 de setembro, chegou a liderar o ranking das principais cidades mais poluídas do mundo.
Segundo o levantamento, quando observado a América do Sul como um todo, os incêndios florestais tiveram um impacto severamente negativo na qualidade do ar em uma ampla faixa – que se estende de Quito a Montevidéu e Buenos Aires.
“A escala do transporte de fumaça e dos impactos na qualidade do ar é um indicativo da magnitude e intensidade dos incêndios. É imperativo continuar monitorando esses incêndios e suas emissões para acompanhar seus impactos na qualidade do ar e na atmosfera”, reforçou Mark Parrington, cientista sênior no observatório europeu.