Pelo menos quatro prisioneiros morreram e 61 ficaram feridos após um incêndio na prisão de Evin, no norte de Teerã, informou a mídia estatal iraniana IRNA, atribuindo a informação a autoridades iranianas.
Os prisioneiros morreram por inalação de fumaça, acrescentou a IRNA. O incêndio aconteceu na noite de sábado (15) e um oficial de segurança iraniano disse que “bandidos” incendiaram o armazém de roupas da prisão, informou a IRNA anteriormente.
Uma grande e escura nuvem de fumaça foi vista perto da prisão em vários vídeos nas redes sociais na noite de sábado.
O fogo foi contido e “a paz é mantida”, disse o governador de Teerã, Mohsen Mansouri, à IRNA, acrescentando que o fogo foi iniciado por prisioneiros. A prisão de Evin, em Teerã, é uma instalação notoriamente brutal onde o regime encarcera dissidentes políticos.
“Agora a situação da prisão está completamente sob controle e a paz é mantida no complexo prisional e as ruas ao redor da prisão estão sendo monitoradas e sob controle”, disse Mansouri.
O grupo ativista 1500tasvir informou que, em vídeos postados nas redes sociais, tiros foram ouvidos e forças especiais iranianas foram vistas indo para a área onde se acredita que a prisão esteja localizada.
A autoridade iraniana disse que os “manifestantes” foram separados de outros prisioneiros e os outros detidos retornaram às suas celas, informou a IRNA. A CNN não pode verificar a situação de forma independente.
A secretária-geral da Anistia Internacional, Agnes Callamard, respondeu no Twitter aos vídeos de mídia social com um lembrete às autoridades iranianas de sua “obrigação legal de respeitar e proteger” as vidas dos prisioneiros após o incêndio.
Callamard observou que a prisão é “notória” e retweetou uma postagem do jornalista Jason Rezaian, cujo podcast “544 Days” relata o tempo que ele passou encarcerado na prisão.
“Evin não é uma prisão comum. Muitos dos melhores e mais brilhantes do Irã passaram longos períodos confinados lá, onde homens e mulheres corajosos têm seus direitos básicos negados por falar a verdade ao poder”, escreveu Rezaian . “O regime é responsável pelo que acontece com quem está dentro agora.”
Falando à emissora estatal IRIB, o promotor de Teerã, Ali Salehi, disse que o “conflito” na prisão não está ligado aos protestos que varreram o país após a morte de uma jovem sob custódia policial.
Em setembro, Mahsa Amini, de 22 anos, morreu depois de ser detida pela polícia moral do país por supostamente não usar seu hijab corretamente. Desde então, as autoridades iranianas desencadearam uma repressão brutal aos manifestantes, que se uniram em torno de uma série de queixas contra o regime autoritário do país.
“O conflito de prisioneiros de hoje não tem nada a ver com os recentes tumultos e, basicamente, a ala relacionada aos prisioneiros de segurança é separada e distante das prisões de ladrões e condenados financeiros onde o incêndio e o conflito ocorreram”, disse Salehi.
De acordo com o promotor de Teerã, as alas 7 e 8 estavam superlotadas, e o principal problema foi o incêndio – que ele disse ter sido iniciado por alguns prisioneiros. Tanto a prisão quanto as ruas ao redor estão sob controle agora, disse ele.
Testemunhas disseram anteriormente que as forças de segurança iranianas espancaram, atiraram e detiveram estudantes na Universidade Sharif de Teerã. No mês passado, quase duas dúzias de crianças foram mortas durante os protestos, de acordo com um relatório da Anistia Internacional.
Pelo menos 23 crianças – algumas com 11 anos – foram mortas pelas forças de segurança apenas nos últimos 10 dias de setembro, segundo o relatório.
No início desta semana, uma autoridade iraniana também admitiu que estudantes de escolas que participam de protestos de rua estão sendo detidos e levados para instituições psiquiátricas.