A família de um homem de 48 anos morto nesta quarta-feira (25) por meningite acusa a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Bragança Paulista de negligência médica. A unidade não pediu o exame que comprovasse a doença e, quando o paciente piorou e precisou ser transferido para outro hospital, o médico informou ao Samu que o exame tinha sido realizado e que o resultado foi negativo para a doença.
A família afirma que isso causou demora na identificação da meningite – após ser transferido, ele fez o exame, que deu positivo. A vítima morreu no mesmo dia, por causa da doença.
Valdeci de Souza, de 48 anos, começou a passar mal na terça-feira (24). Ele foi levado para a UPA Dr. Valdir da Silva Camargo por volta das 16h com quadro de vômitos, dor no corpo e agitação. A vítima era morador da Chácara Julieta.
“Ele estava mal e com muita dor, mas mesmo assim começaram a tratar como virose. Minha mãe estava com ele e insistiu para fazer teste de meningite e de dengue, mas eles disseram que ela estava fazendo ‘oba oba’, que era só uma virose, que ele ia ficar bem” contou a irmã da vítima, Valéria de Souza.
Durante a reavaliação do paciente, foi constatado que ele piorou e que estava perdendo a consciência. O plantonista solicitou a transferência para um hospital, o que só aconteceu na manhã de quarta-feira. Quando o Samu chegou para fazer o transporte do paciente, o médico afirmou à equipe que fez o exame de meningite e que ele tinha dado negativo.
Valdeci deu entrada no Hospital Universitário São Francisco (Husf) por volta das 7h30 e morreu por volta das 16h. Na unidade, foi realizado o exame de meningite, que deu resultado positivo. Todo o histórico consta em relatório enviado para a coordenação de Vigilância Epidemiológica da cidade.
“Infelizmente depois que ele foi levado para o hospital não teve tempo de fazer muita coisa. Ele teve duas paradas cardíacas. Na primeira ele voltou depois de 7 minutos, mas na segunda, depois de 25 minutos não tinha mais o que fazer”, lamentou a irmã.
Ela afirma que a família está revoltada com a atitude do médico e acredita que a vítima poderia estar viva se a doença tivesse sido descoberta antes.
“Os médicos precisam investigar mais, não só tratar como virose, mas ver o que está acontecendo. Se o médico tivesse dado ouvido e fizesse o exame, meu irmão poderia estar vivo agora. Se a UPA não tinha recursos que pelo menos fizessem a transferência dele antes, não só no dia seguinte. Estamos arrasados, meu pai está passando muito mal com tudo isso”, completou.
Dados
Em 2016, foi registrado o dobro de mortes causadas por meningite na cidade.
Em 2015, 15 casos da doença foram confirmados, com duas mortes. Em 2016, 20 casos foram confirmados e foram registradas quatro mortes. Em 2017, já foram confirmadas duas mortes.