Britânico é fã do brasileiro, a quem chama de herói e rei; terceiro título chega aos 30 anos e é o segundo consecutivo
Lewis Hamilton venceu neste domingo o GP dos EUA e é o mais novo tricampeão de Fórmula 1. Fã de Ayrton Senna, o britânico confirmou o favoritismo após ser bi em 2014 e superou o companheiro de Mercedes, Nico Rosberg, e o alemão da Ferrari, Sebastian Vettel, principais concorrentes, para se juntar ao brasileiro e a outros oito pilotos que possuem três ou mais títulos do maior campeonato de automobilismo do mundo.
Em uma temporada impecável, assim como no ano passado, quando conseguiu 11 vitórias, o Britânico este ano já venceu nove e em quase uma década de carreira soma 42 vezes em que esteve no lugar mais alto do pódio, ele ainda pode chegar a 13 triunfos este ano, já que restam três das 19 etapas, isso o distanciaria ainda mais de Senna, que venceu 41 vezes. No Grande Prêmio do Japão, em 27 de setembro, ele empatou com o ídolo brasileiro em número de vitórias e mostrou-se feliz pelo feito.
“Cheguei a um nível maravilhoso para mim. Igualar o número de vitórias de Ayrton Senna? Eu me sinto como numa corrida de revezamento. Sabe quando você pega o bastão do outro companheiro? Então, eu me sinto como se estivesse pegando o bastão dele. Igualamos no número de vitórias, mas corremos pela mesma equipe. É assim que eu estou me sentindo”, afirmou em entrevista a “Rede Globo”. Fora isso, no mesmo, dia, ele publicou em uma rede social uma singela homenagem a Ayrton, a quem chama de ‘ídolo’ e ‘rei’.
A idolatria ao ex-piloto brasileiro é tão grande que Hamilton mantém em seu site oficial uma homenagem ao tricampeão mundial. Dentre os muitos elogios, o chama de ‘herói, lenda e ídolo’. Hamilton diz ainda que começou a acompanhar F1 quando era criança e amava o macacão e o capacete amarelo de Senna, tanto que seu acessório já foi da mesma cor e hoje, parte dele, tem essa coloração. Lembra-se dos livros que comprou quando criança sobre o brasileiro e também da maneira como ele expunha a sua crença sem medo.
Fora isso, ele relembra ainda os duelos entre Senna e Alain Prost, seu grande rival nas pistas, e afirma que a maneira como Ayrton dirigia o inspira até hoje. O britânico recorda a morte de Senna e diz ‘foi muito difícil para mim. Eu tinha apenas nove anos, e foi muito difícil para realmente compreender a magnitude do que tinha acontecido. Se foi o meu herói’.
Por fim, ele mostra toda a sua idolatria pelo brasileiro ao dizer: ‘Ayrton Senna era uma lenda incrível. Será lembrado e admirado para sempre. Ele tinha a qualidade rara de grandeza. Até hoje você ainda pode aprender coisas de como ele dirigia’, encerra Hamilton.
Ser tricampeão um ano mais novo e igualar a marca do ídolo, com certeza é algo que Hamilton sonhou desde criança. Aos 30 anos, ele ainda estará por muitos anos na Fórmula 1 (ao menos na Mercedes até 2018) e suas marcas só tendem a melhorar, como o número de pole positions (hoje ele largou em primeiro 49 vezes, Senna 65 e Schumacher 68).
História
Nascido em 7 de janeiro de 1985, em Stevenage, na Inglaterra, Hamilton começou sua carreira no automobilismo com apenas 11 anos. No Kart, ele foi campeão entre 1996 e 2000 – em 1998, ele integrou um projeto de desenvolvimento de pilotos da McLaren, equipe pela qual estrearia na F1 nove anos mais tarde. Em 2003, foi campeão britânico de Fórmula Renault. Venceu a Fórmula 3 em 2005, um ano mais tarde confirmou seu ‘acesso’ à F1 ao conquistar a GP2.
Com apenas 22 anos, Lewis estreou na F1 pela McLaren e foi o primeiro negro a pilotar um carro da categoria. Chegou à última etapa daquele ano com chances de se tornar o mais jovem campeão da história, mas perdeu o título para o finlandês Kimi Raikkonen na última etapa. A temporada, no entanto, foi um sucesso, já que conseguiu quatro vitórias (Canadá, Estados Unidos, Hungria e Japão) e ficou na segunda colocação.
Em 2008, o britânico foi ainda mais brilhante e venceu cinco etapas (Austrália, Mônaco, Inglaterra, Alemanha e China), contou com a sorte na última volta do GP do Brasil, e tirou o título do brasileiro Felipe Massa nos instantes finais. Aos 23 anos, nove meses e 27 dias, ele se tornaria o mais novo piloto de F1 a se sagrar campeão (feito derrubado por Sebastian Vettel, em 2010, com 23 anos, quatro meses e 11 dias).
2009 não foi um ano muito bom para Hamilton. Sua equipe não foi muito bem no início e só reagiu na segunda metade da temporada, quando Jenson Button já estava disparado na liderança. Mesmo assim, ele venceu dois Grandes Prêmios (Hungria e Cingapura).
Em 2010, já com a melhora do carro, Lewis conseguiu encarar a força da Red Bull e liderou o campeonato no início, mas não resistiu à pressão de Vettel. Foram mais três vitórias para a conta (Turquia, Canadá e Bélgica).
O ano seguinte foi novamente complicado, já que ele assistiu o alemão ser o mais novo bicampeão da história. Foram três triunfos (China, Alemanha e Abu Dhabi). Em 2012, apesar de várias quebras de sua McLaren, conseguiu vencer mais três etapas (Canadá, Hungria e Itália), entretanto o título ficou novamente com Sebastian Vettel.
A grande mudança na carreira aconteceu em 2013. Depois de seis anos na equipe britânica, Hamilton se transferiu para a alemã Mercedes. O primeiro ano foi modesto, com apenas uma vitória (Hungria). Naquele ano, Vettel quebrou mais um recorde e sagrou-se tetracampeão. No ano seguinte enfim o bicampeonato chegaria. Com 11 vitórias em 19 etapas, Lewis confirmou a força da sua Mercedes e superou o companheiro Nico Rosberg ao somar 384 pontos ante 317 do alemão. Foi pela mesma Mercedes que ele conquistou o título deste ano.