O governo do Estado de São Paulo recuou na tarde desta segunda-feira (20) da decisão de suspender carne e embutidos do cardápio da merenda escolar. A pasta havia orientado, a partir da última sexta-feira (17), as 3,2 mil escolas de rede estadual a substituírem uma lista de oito produtos usados nas refeições dos alunos depois que a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, apontou fraude na liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos no país.
De acordo com nota enviada à imprensa pela pasta, a suspensão temporária decorreu do ‘excesso de zelo’ da Secretaria Estadual da Educação depois da repercussão do noticiário, mas não se mostrou necessária.
“Foram constatados que os cuidados tomados pelos setores encarregados já eram suficiente para garantir uma alimentação adequada e nutritiva aos alunos”, diz trecho da nota.
Ainda segundo a Secretaria Estadual da Educação, as unidades já foram informadas sobre a manutenção do cardápio da merenda, sem alteração. Mesmo assim, os produtos ainda serão inspecionados, mas como prática habitual, assegura o Estado.
Entre os itens que estavam suspensos, por pelo menos 20 dias, estavam congelados e estocáveis como salsicha de peru, carne bovina moída, carne bovina em iscas, carne bovina em cubos, salsicha hot dog, carne bovina em cubos, carne bovina enlatada e peito de frango em cubos (sendo os três últimos embalados sem necessidade de refrigeração).
Inicialmente eles deveriam ser substituídos por sardinha e atum enlatados, ovos, carne suína, legumes, verdura, feijão e molhos. Embora tenha emitido a circular com a orientação, a Secretaria da Educação não informou ao ser questionada pela reportagem nesta segunda-feira quais são os fornecedores da merenda, nem se os grupos BRF e JBS estão entre eles.
Leia nota na íntegra:
Após criteriosa análise de todos os laudos emitidos pelos órgãos fiscalizadores, os 45 técnicos do Departamento de Alimentação e Assistência da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo concluíram não haver risco em manter o consumo de carne durante as refeições escolares servidas às escolas estaduais.
Os fornecedores apresentaram detalhada documentação, dando segurança ao fornecimento da alimentação. Apenas por precaução, a Secretaria continuará a fazer novos testes na carne servida nas 3,2 mil escolas da rede – unidades onde a distribuição é feita pela Pasta. A medida é de rotina e condiz com a prática habitual da Secretaria, em relação aos produtos fornecidos às crianças e jovens.
A inspeção dos alimentos consumidos nas escolas é constante e segue os padrões exigidos pela vigilância sanitária (municipal, estadual e federal). Todos os fornecedores, conforme expressa previsão em contrato, possuem o selo SIF conferido pelos órgãos responsáveis. Além disso, os alimentos servidos passam por diversas exaustivas análises. Os laboratórios públicos – Adolfo Lutz e Ital (Instituto de Tecnologia de Alimentos) – também recebem amostras dos lotes comprados e realizam testes que verificam a composição química, a ação no organismo, o valor alimentício e calórico, propriedades físicas, químicas, toxicológicas, adulterantes e contaminantes.
Também são realizadas provas sensoriais por 10 avaliadores que cozinham, provam e atestam que o alimento apresenta cor e odor característico, qualidade adequada e sabor compatível.
A suspensão temporária decorreu do excesso de zelo da SEE, ante a repercussão do noticiário, mas não se mostrou necessária, pois foram constatados que os cuidados tomados pelos setores encarregados já eram suficiente para garantir uma alimentação adequada e nutritiva aos alunos.