Sindicalistas e representantes da General Motors, dona da Chevrolet, discutiram, em reuniões nesta terça-feira (22), o futuro das fábricas em São Caetano do Sul e São José dos Campos, ambas em São Paulo.
O encontro ocorreu depois que o presidente da companhia no Mercosul, Carlos Zarlenga, alertar trabalhadores do Brasil sobre o que considera um “momento crítico”.
Antes, a presidência da GM afirmou que “não vai continuar empregando capital para perder dinheiro”. Nas duas unidades paulistas, a fabricante possui cerca de 14 mil funcionários.
A preocupação com o tema, que motivou a reunião, é reflexo de um plano de reestruturação da empresa, anunciado em novembro passado, e que deve fechar neste ano cinco fábricas nos Estados Unidos e Canadá. Na ocasião do anúncio, a GM informou também que mais duas unidades fora da América do Norte seriam fechadas, mas não revelou os locais na época.
No encontro desta terça, segundo o sindicato, a saída do Brasil foi descartada e a empresa sinalizou que quer discutir investimentos nas fábricas. No entanto, relacionou possíveis aportes a condições favoráveis de produção.
Foram duas reuniões, ambas na unidade de São José. A primeira começou às 11h, e durou cerca de 3h. Também participaram, além de diretores da GM e membros do Sindicato dos Metalúrgicos, os prefeitos de São José, Felício Ramuth, e de São Caetano, José Auricchio Jr.
A segunda etapa da reunião começou às 15h e terminou às 18h. Nela foram discutidos, para São José, itens que melhorem a lucratividade da planta. As reivindicações patronais não foram informadas pelo sindicato no final do encontro e serão apresentadas primeiro aos trabalhadores em assembleias às 5h e 14h30 na quarta (23) – na entrada do primeiro e segundo turnos.
Em São José, na fábrica onde até 2013 eram produzidos quatro modelos, atualmente são produzidas apenas a picape S10 e o SUV Trailblazer. A fábrica do interior foi excluída dos recentes investimentos anunciados pela multinacional. O sindicato disse que, na reunião, a GM apontou que uma nova linha pode ser trazida para a cidade, mas não especificou qual carro.
“Estamos flexíveis à negociação, mas sem abrir mão dos direitos do trabalhadores. Viemos para o diálogo, mas não vamos aceitar que uma crise, que nem existe, seja descarregada no ombro do trabalhador. Fazemos oposição à reestruturação que trate os direitos dos operários como empecilho à produção. É bom lembrar que a GM é líder de vendas no país”, disse o presidente do sindicato em São José, Renato Almeida. A montadora detém uma fatia de 17,8% do mercado nacional.
A GM foi procurada, por meio da assessoria de imprensa, e informou que não iria comentar a reunião. Nenhum porta voz deu entrevista após o encontro desta terça.
O prefeito de São José está otimista sobre a negociação. “Pelo resultado da reunião de hoje, a gente vai transformar esse momento delicado em um momento positivo. Os envolvidos têm pressa [para definir os investimentos]. No próximo mês ou no máximo em dois meses espero que tenhamos uma posição, se o esforço conjunto der certo”, disse Felício.
Reunião em São Caetano
Nesta quarta (23), segundo o sindicato de São José, um encontro está agendado com os sindicalistas de São Caetano, também para debater propostas específicas para a unidade.
Na cidade no ABC paulista estão as linhas do Onix Joy (versão mais barata do modelo, com visual antigo), Spin, Cobalt e Montana. Nela foi anunciado em fevereiro de 2018 investimento em ampliação, com a produção de um novo modelo.