A crise instalada no Flamengo vai além do campo. Se o time vem recebendo críticas pelas oscilações e o início ruim no Campeonato Brasileiro, o departamento médico do clube também entrou na berlinda e virou alvo. A avaliação interna, no entanto, é de que o número de lesões, especialmente as musculares, estão dentro do normal.
Nos últimos jogos, Paulo Sousa teve muitos desfalques, a maioria por problemas musculares. Matheuzinho, Pedro, Gustavo Henrique, Vitinho e Santos não estiveram à disposição contra o Botafogo. O zagueiro Pablo que, segundo o clube estava recuperado, sequer entrou em campo e deixou dúvidas sobre sua condição física.
Outro ponto questionado é a condição física de quem retorna de lesão, como o próprio Pablo e Filipe Luís que foi substituído na última partida com um problema na panturrilha. O lateral já havia tido um problema muscular recentemente.
Segundo apurou a GOAL, o tema é tratado com normalidade dentro do Ninho do Urubu. O clube admite que há mais lesões musculares do que se gostaria, mas em comparação ao número de jogos, rotina de viagens, treinamento e em relação a outras equipes, acredita-se que está dentro da normalidade.
Ainda segundo soube a reportagem, o clube avalia um número maior de lesões em abril e neste início de maio, mas justifica que nos primeiros meses da temporada não teve maiores problemas. Internamente. Sendo assim, julga “normal” o número ao longo de todo este período. Acredita-se que o Flamengo teve uma quantidade maior em um período menor e, por isso, para fora do Ninho do Urubu, isso chama mais atenção.
Na última segunda-feira (09), em reunião do Conselho Deliberativo do Flamengo, o presidente Rodolfo Landim ouviu questionamentos sobre o departamento médico. O mandatário fez questão de elogiar o setor, dizendo que é de “altíssimo nível” e prometeu apresentar na próxima reunião um relatório detalhando o trabalho do DM.
“Vou preparar uma apresentação para vocês, para que possam conhecer todo o processo que existe. Como é feita a preparação do atleta, quais são as preocupações que a gente tem, como a gente faz a carga de exercícios para cada um deles. Quando há uma lesão, quais são os equipamentos que a gente tem, como fazer uma prevenção de uma lesão, tudo isso. Às vezes eu vejo na televisão que as pessoas falam de uma forma bem ampla, e não falam em dados, em dados comparativos com outros clubes”, disse o mandatário.
A promessa de Landim chamou à atenção de vários torcedores que se questionam sobre o motivo do chefe do departamento médico, Márcio Tannure, não da entrevista, nem mesmo coletiva. Recentemente, alguns problemas trouxe muita dúvida sobre os processos, como a situação envolvendo o Pedro ainda em 2021.
O atacante teve um problema no dia 13 de outubro, fez exames e mesmo assim entrou em campo diante do Atlhlético-PR no dia 20. O jogador sentiu dores no joelho e, em seguida, descobriu-se a necessidade de passar por um procedimento cirúrgico.
No final de dezembro foi a vez de Rodrigo Caio. O zagueiro passou por um procedimento cirúrgico considerado simples, mas teve uma inflamação nos pontos no local e não entra em campo há cinco meses. Na ocasião, ele precisou ser internado para um tratamento com antibiótico, mas a medicação não fez efeito e ele precisou retornar ao hospital.
O caso mais recente é o de Fabrício Bruno. O zagueiro teve bom começo pelo Flamengo e assumiu a vaga pelo lado direito da defesa. No primeiro jogo da final do Campeonato Carioca, no entanto, o zagueiro sofreu uma pancada e deixou com dores no pé.
No jogo seguinte, mesmo com dores, ele foi relacionado para a partida, mas sentiu logo no aquecimento e não entrou em campo. O departamento médico optou por um tratamento conservador, que não vem fazendo efeito. Ele deve passar por uma cirurgia no local.
Fabrício tem uma lesão considerada grave e nada disso foi ainda comunicado pelo clube. Diante da ausência de respostas, a GOAL foi atrás dos motivos e apurou que manter Márcio Tannure longe dos microfones é uma decisão conjunta entre diretoria, comunicação do clube, departamento médico, comissão técnica e, em alguns casos, do próprio atleta. Desde a pandemia, que afastou o convívio da imprensa, o clube optou por, em alguns casos, apemas fazer comunicados ou divulgar áudios do chefe do DM.
Segundo a GOAL ouviu de uma fonte da reportagem, alguns jogadores também não gostam que seus diagnósticos sejam completamente expostos e o clube opta pelo “sigilo médico”.