Domingo, pouco depois das 19h, Tite e Edu Gaspar vão finalizar parceria que começou no Corinthians e terminou com três anos de trabalho na seleção brasileira. O coordenador se despede na final da Copa América, contra o Peru, para, logo na semana seguinte, assumir cargo executivo na diretoria de futebol do Arsenal, da Inglaterra.
Existe expectativa sobre a escolha do substituto de Edu. Um nome fora de sintonia com Tite influenciaria na caminhada até a Copa do Mundo de 2022. Isso porque, mais do que um coordenador, Edu Gaspar é amigo pessoal e braço-direito de Tite no comando técnico. A CBF e o treinador concordam que o sucessor precisa aliar capacidade de gestão e experiência em campo.
Anunciado diretor de desenvolvimento na posse do presidente Rogério Caboclo, em maio, Juninho Paulista, campeão mundial em 2002, é um nome que agradaria a Tite para seguir em nova função. Nem ele nem a CBF comentam o assunto – ambos foram procurados.
Juninho disse em maio ao blog do jornalista Ricardo Perrone, do “Uol”, que pensaria caso houvesse o convite. O nome dele atende ao perfil que o presidente Caboclo quer no cargo – de ex-jogador com experiência administrativa.
Juninho foi presidente do Ituano por 10 anos – e está licenciado do time do interior de São Paulo. Nos amistosos antes da Copa América, ele acompanhou a delegação em Brasília. A decisão ainda não está tomada, pois Juninho e a própria CBF aguardam o fim da competição, que poderia até determinar mudanças de rumo no trabalho da comissão técnica. Possibilidade sempre negada por Rogério Caboclo.
Na última quinta-feira, inclusive, por meio de nota, a CBF disse que manterá a comissão técnica da Seleção “em caráter permanente”, o que dá a entender que não pensa em se livrar de mais profissionais além daqueles que já têm saída definida – Edu Gaspar e a dupla Sylvinho e Fernando Lázaro, que serão técnico e auxiliar, respectivamente, no Lyon.
Presente no encontro para discussão de futebol feminino, nas Laranjeiras, Juninho tem cumprido papel institucional na CBF, com participações em eventos da entidade. Ao lado de Branco, coordenador da base, colocou as divisões inferiores do futebol brasileiro como uma das prioridades do seu novo departamento na CBF.
Incerteza antes da semifinal
Discreto, Tite evita falar do futuro, em movimento semelhante ao da Copa da Rússia – quando dizia que só pensava no Mundial -, Tite vive a expectativa pelo substituto de Edu. Havia sensação de que a CBF poderia ter brigado mais pela permanência do coordenador.
O técnico tem desejo profundo de disputar mais uma Copa do Mundo. Ele julga que as lições aprendidas na Rússia, quando a Seleção foi eliminada nas quartas de final, podem pavimentar uma campanha mais exitosa em 2022. Sua comissão técnica tem planos detalhados para os próximos três anos. Foi pauta de conversas durante a Copa América, mesmo com a possibilidade de queda com derrota na competição.
Antes da partida contra a Argentina, entre a comissão técnica, havia apreensão sobre derrota e possível fim do ciclo. Em bom português, por mais que Caboclo expusesse respaldo, temia-se uma pressão grande sobre o presidente por mudanças – a reação do público, seja no termômetro das redes sociais ou nas vaias ao nome do treinador não passou incólume nos bastidores. O possível título domingo, espera-se, pavimentaria a caminhada de Tite até a Copa de 2022.
Foto: Lucas Figueiredo/CBF