O exército sírio assumiu o controle total da cidade de Deir Ezzor, capital da região de mesmo nome, último grande centro urbano com presença do Estado Islâmico (EI) na Síria, anunciou a televisão estatal síria.
“O exército anuncia ter tomado o controle total da cidade de Deir Ezzor”, no leste da Síria, anunciou a emissora.
A queda da última grande cidade sob controle dos extremistas foi anunciada na quinta-feira (2) pela ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A perda da cidade representa um novo golpe para o EI, que acumulou reveses nas últimas semanas na Síria e no vizinho Iraque. Em meados de outubro, a organização ultrarradical sunita foi expulsa de Raqa, seu antigo bastião sírio, o que representou uma derrota fortemente simbólica.
A OSDH e os meios oficiais sírios haviam indicado antes que as tropas sírias arrebataram outros três bairros dos jihadistas e uma fonte militar havia informado que controlavam 80% da cidade.
O “Daesh está arriscando a pele para defender suas últimas posições, que o exército continua recuperando até tê-lo eliminado por completo”, disse o diretor da OSDH, Rami Abdel Rahman, utilizando o acrônimo em árabe do grupo radical.
Em sua opinião, os extremistas usam franco-atiradores de elite e carros-bomba e “enviam mulheres camicases” para atacar as posições do exército sírio.
Imóveis derrubados
No terreno, uma colaboradora da France Presse pôde observar na quinta muitos danos nos bairros recentemente recuperados pelo exército, com imóveis derrubados ou fachadas completamente destruídas.
As trincheiras cavadas pelos jihadistas ainda eram visíveis, enquanto os sapadores do exército tentam desativar explosivos deixados pelos combatentes do EI.
Na periferia dos territórios ainda controlados pela organização sunita, os soldados dispararam de seus tanques e um avião realizava um ataque aéreo, provocando uma grande nuvem de fumaça.
O grupo EI, que obteve um avanço fulminante em 2014 no Iraque e na Síria, acumulou vários reveses nos últimos meses, perdendo um atrás do outro territórios que tinha conquistado nos dois países.
As forças do regime, apoiadas pela aviação russa, entraram na cidade de Deir Ezzor em setembro, rompendo o assédio que os extremistas mantinham nos setores governamentais há três anos.
Na província homônima, o grupo EI também se viu encurralado por combatentes curdos e árabes das Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pela coalizão liderada pelos Estados Unidos.
A recuperação de Raqa, em 17 de outubro, ocorreu após uma ofensiva de vários meses das FDS.
Seu principal reduto agora é Bukamal e territórios adjacentes, na fronteira com o Iraque.
No país vizinho, as forças de Bagdá lançaram no fim de outubro uma ofensiva contra Al Qaim, última localidade do país nas mãos do EI.
O conflito na Síria explodiu em 2011, com a repressão por parte do regime de Bashar al Assad das manifestações contra o poder e foi se tornando cada vez mais completo, ao envolver países estrangeiros e grupos jihadistas em um território cada vez mais dividido.
Desde então, deixou mais de 330.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados.