A Polícia Civil de Bauru, no interior de São Paulo, divulgou na manhã desta terça-feira (31), o resultado do exame toxicológico feito no corpo do estudante de engenharia elétrica da Unesp (Universidade Estadual Paulista) Humberto Moura Fonseca, 23 anos, que morreu após consumir uma quantidade excessiva de álcool numa festa “open bar” que reuniu cerca de 20 repúblicas no dia 28 de fevereiro.
O delegado Kleber Granja, responsável pelas investigações, se mostrou surpreso com o resultado do exame e afirmou que em toda a sua carreira nunca havia visto uma pessoa apresentar uma dosagem alcoólica tão alta. O exame feito pelo IML (Instituto Medico Legal) de São Paulo apontou que o estudante tinha 4,6 gramas de álcool por litro de sangue.
“É uma quantidade absurda. Na minha carreira eu nunca vi essa dosagem. Para se ter uma ideia, oferecemos como parâmetro o artigo 306 do CTB [Código de Trânsito Brasileiro] que prevê como crime de condução de veículo automotor por motorista sob efeito de álcool etílico quando a concentração é de 0,6 gramas por litro de sangue”, lembrou o delgado. A quantia apontada pelo exame é, em média, oito vezes maior que o permitido pelo CTB.
Apesar de o caso seguir em segredo de justiça, Granja informou que 14 pessoas são investigadas por terem alguma ligação com a realização do evento. São dois organizadores do evento autuados em flagrante delito; seis da Unesp, que segundo a polícia auxiliaram na organização do evento e na realização da prova de consumo de bebida alcoólica; dois sócios-proprietários de uma empresa produtora de eventos contratada pelos organizadores e ainda quatro membros integrantes da equipe de primeiros socorros, brigadista e de remoção de ambulância.
A Polícia Civil vai pedir à Justiça mais 90 dias para conclusão das investigações. O delegado contou ainda que a prova que vitimou o estudante, batizada de “shot por minuto” não estava no cronograma da festa e que foi incluída de ultima hora. “As competições relacionadas ao consumo de bebida alcoólica tinham limites estipulados, de forma dosada e controlada, apenas a shot por minuto não”, conta o delegado.
Paralela à investigação da Polícia Civil, a Unesp também criou uma comissão para apurar os fatos que culminaram na morte do estudante. Edson Capelo, diretor da faculdade, não foi encontrado para comentar as investigações, mas de acordo com a nota divulgada na época da criação da comissão, os responsáveis pela festa e pela divulgação do evento dentro do campus podem ser punidos.
Relembre o caso
Na tarde do dia 28 de fevereiro, cerca de 1,2 mil estudantes se reuniram numa chácara em Bauru para a realização da festa “Interreps”, que reuniu jovens de 20 repúblicas e de várias faculdades e universidades, foi realizada em uma chácara no Jardim Ouro Verde e organizada pela internet. Havia competições para saber quem eram os “maiores bebedores”.
Na competição, batizada como “shot por minuto”, era servida uma dose de vodca num copo de 50 ml para cada participante a cada um minuto. Ganhava quem aguentasse mais. Humberto Moura Fonseca e outros seis alunos passaram mal e foram levados para atendimentos em unidades de saúde de Bauru. Devido a gravidade, Humberto foi levado para o Pronto Socorro, mas já chegou sem vida ao local. Os demais foram levados para uma UPAT (Unidade de Pronto Atendimento). Três desses alunos foram transferidos para UTI (Unidades de Terapia Intensiva) em diferentes hospitais de Bauru, sendo liberados dias depois.
De acordo com a polícia os organizadores da festa não tinham alvará e a ambulância que estava no local não estava em condições de oferecer socorro para as possíveis vítimas.