Scolari mostra recuperação após trauma da Copa e soma 66,7% de aproveitamento, mesmo desempenho alcançado por Cruzeiro e Atlético-MG nos últimos 12 jogos
Há exatos 60 dias, Felipão voltava ao Grêmio 18 anos depois de virar ídolo para se embrenhar no carinho da torcida e superar o trauma da eliminação na Copa do Mundo. Menos de três meses do 7 a 1 aplicado pela Alemanha, o efeito soa contrário. É Scolari quem fez o gremista voltar a sorrir. Alçou a equipe da 11ª para a 5ª colocação e, se for levar em conta apenas as 12 rodadas das quais participou, é líder, com campanha idêntica à de Cruzeiro e Atlético-MG no mesmo período.
Felipão sustenta 66,7% de aproveitamento e 24 pontos somados nas últimas 12 rodadas, com sete vitórias, três empates e duas derrotas. Foram dez gols marcados e quatro sofridos. A Raposa só leva vantagem no saldo de gols: tem oito, contra seis dos gaúchos. Ainda assim, as explicações da boa fase gremista não param por aí. São nove jogos de invencibilidade e oito sem sofrer gols, num esquema de três volantes festejado por resgatar a “cara do Grêmio” – um elemento que, na avaliação de torcida e direção, faltou com Enderson Moreira
Felipão, aliás, leva vantagem na comparação com o antecessor. No período em que permaneceu no Grêmio – as mesmas 12 partidas -, o atual comandante do Santos somou 19 pontos, com cinco vitórias, quatro empates e três derrotas. Caiu no tropeço por 3 a 2 diante do Coritiba, na Arena, com 52% de aproveitamento.
Agora, no geral, o Grêmio está colado no G-4. O Tricolor tem 43 pontos na tabela – mesma pontuação de São Paulo e Galo, terceiro e quarto colocados. Uma espécie de “volta por cima” para Scolari após a campanha com a seleção brasileira na Copa do Mundo, marcada pelo 7 a 1 da Alemanha na semifinal. Quase três meses depois, ainda é indagado pelo fracasso em coletivas.
– Eu sei que perdi um campeonato mundial. Eu sei disso. Então, alguma coisa tem que ser dedicada a mim por ter perdido o campeonato mundial. Mas eu continuo fazendo o mesmo trabalho de quando tinha 32 anos. De quando comecei no CSA e depois segui para o Brasil de Pelotas e pelo Juventude. Eu continuo tendo emoção e fazendo o que gosto. Ganhar ou perder vai acontecer nos clubes ou em qualquer situação, mas eu tenho que saber dar a volta por cima. O momento com o Grêmio surgiu e tenho que saber dar sequência. Estou muito satisfeito com o espírito da equipe e das pessoas que trabalham comigo. Nosso trabalho a médio prazo é bom. Vamos ver se alcançamos o objetivo a longo prazo – afirmou o treinador após a vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo, no último domingo, no Maracanã.