A tradição é antiga e elegante: o presidente de saída deixa ao seu sucessor uma carta que este último encontra na sua chegada ao Salão Oval da Casa Branca.
A de Barack Obama para Donald Trump, revelada sete meses depois de sua partida, tem um conselho central. Para além das asperezas do combate político e da brutalidade das lutas de poder, nunca se deve perder de vista a importância das instituições democráticas.
A missiva, com pouco menos de 300 palavras, assume contornos especiais após semanas de caos do governo de Trump, criticado até pelo seu próprio partido por sua falta de firmeza após os episódios violentos e racistas de Charlottesville.
A emissora CNN teve acesso a uma cópia da mensagem, que começa com “Caro presidente”, e as parabenizações costumeiras às vésperas da “grande aventura” que é a presidência.
Apesar das fortes críticas a Trump durante a campanha, no dia das eleições de 8 de novembro, Obama insistiu na importância de uma transição tranquila e construtiva com o extravagante empresário.
Insistindo na importância da liderança americana no mundo, Obama destaca a relevância dos Estados Unidos. “Cabe a nós, com ações e exemplo, sustentar a ordem internacional que vem se expandindo desde a Guerra Fria e da qual dependem nossa riqueza e segurança”, afirma.
O predecessor de Trump também fala da democracia, do fato de “sermos apenas ocupantes temporários deste cargo”. Isso, diz ele, “nos torna guardiões das tradições e instituições democráticas, como o estado de direito, a separação de poderes e a proteção dos direitos civis pelos quais nossos ancestrais lutaram”.
“Independentemente das confusões da política diária, cabe a nós deixar esses instrumentos da nossa democracia pelo menos tão fortes quanto os encontramos”.