Em um discurso no Palácio do Planalto nesta terça-feira (15) para fazer um balanço dos dois anos de sua gestão, o presidente Michel Temer (MDB) listou as ações tomadas pelo governo no período e disse que “tirou o Brasil do vermelho”.
Os dois anos do governo Temerforam completados no sábado (12). Ele assumiu o cargo após afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em razão do processo de impeachment.
Ao abrir o evento, chamado de “Maio/2016 – Maio/2018: O Brasil voltou”, Temer disse que faria uma lista “talvez extensa” das ações do governo.
Para o balanço, o Planalto preparou uma cartilha com as “ações e resultados” destes dois anos. A publicação recebeu o título “Avançamos – 2 anos de vitórias na vida de cada brasileiro”.
O presidente fez questão de citar medidas que, para ele, ajudaram o país a superar a recessão econômica e a avançar em áreas como educação e segurança.
A uma plateia formada por ministros e ex-ministros do governo, além de dirigentes de estatais, de autarquias federais e parlamentares, Temer disse que se sente “responsável” pelas escolhas que fez, “sempre pensando em um Brasil maior”.
“Nestes 24 meses de trabalho, nós avançamos, mas eu gostaria de fazer, diante dos meus colegas de trabalho, uma reflexão. Eu confesso, diante de todos, que me sinto responsável pelas atitudes e escolhas que fiz, sempre pensando em um Brasil maior”, afirmou o presidente.
“Nós somos responsáveis e orgulhosos por, repito, tirar o país da maior recessão da sua história. Por assumir um governo com inflação acima dos 10% e colocá-la perto dos 3% […] Todos nós fomos responsáveis por tirar o Brasil do vermelho e colocar o país no rumo certo”, completou Temer.
Além da redução nos juros e na inflação, o presidente citou dados como os recordes na balança comercial em 2016 e 2017 e a melhora nos resultados da Petrobras.”Salvar a vida da maior empresa de petróleo do país é um privilégio. Nós salvamos a Petrobras. Recebi a companhia em colapso. Hoje, é com muita alegria que nós podemos anunciar que a Petrobras está recuperada. A empresa acaba de obter quase R$ 7 bilhões de lucro no primeiro trimestre deste ano”, disse o presidente.
União após eleições
Já no final de sua fala, que durou cerca de uma hora, Temer pediu que as diversas tendências políticas se unam após as eleições deste ano em torno de um bem comum. Ele disse que sempre trabalhou “pela pacificação das várias correntes existentes no país”.
“Todos devem unir-se em busca do bem comum, tanto situação como oposição. Esse é o criterio jurídico da democracia”, afirmou o presidente.
“Espero que logo depois das eleições as pessoas apanhem essa conceituação e possam pensar nos problemas do país”, completou o presidente.
Reforma da Previdência
Ao longo do discurso, Temer defendeu as reformas feitas pelo governo, como a trabalhista, a do ensino médio e a emenda constitucional que estabeleceu o teto de gastos públicos.
O presidente também comentou a reforma da Previdência, que chegou a ser enviada pelo Palácio do Planalto ao Congresso, mas não foi votada e ficou parada na Câmara. Para o presidente, no entanto, a reforma não saiu da pauta do país.
“Se engana quem pensa que a reforma da Previdência não será realizada. Ela saiu da pauta legislativa, mas não saiu da pauta política do país”, disse o presidente.
Com a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, prevista para durar até dezembro, nenhuma proposta de emenda à Constituição, como é o caso da reforma da Previdência, pode ser aprovada no Congresso.
Segurança Pública
Temer abordou no discurso a intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro e a criação do Ministério da Segurança Pública, ambos em fevereiro.
Segundo o presidente, ‘”a luta contra o crime merece uma atenção toda especial”. Para ele, “problemas extremos, demandam soluções extremas”.
“A criação do Ministério da Segurança Pública e a intervenção federal no Rio de Janeiro, mais do que um ato de coragem, são respostas extremas à extrema violência que presenciamos em nosso país”, disse.
Temer declarou que, após a intervenção, houve redução de homicídios e roubos de cargas, por exemplo. Contudo, ele não citou números para detalhar a situação.
“Os números estão aí e comprovam que, após a intervenção no Rio de Janeiro, houve redução de homicídios, redução de roubos de cargas e até de veículos. E a Polícia Federal bateu recorde histórico na apreensão de armas e drogas”, afirmou o presidente.
Temer não mencionou as investigações que tentam identificar os responsáveis pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), fato de maior repercussão no Rio desde que a intervenção teve início.
Geração de empregos
Temer afirmou no balanço que o desemprego “parou de crescer” em seu governo e citou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que apontam geração de postos de trabalho com carteira assinada nos três primeiros meses de 2018.
“Os dados do Caged, que é do Ministério do Trabalho, mostram saldo positivo de 77 mil contratações, o melhor janeiro em seis anos. E no acumulado do ano já houve crescimento de 200 mil empregos com carteira assinada”, “eclarou.
O presidente destacou que a população ocupada no trimestre entre outubro e dezembro de 2017 ficou em 92 milhões de brasileiros, um aumento de 1,8 milhão de pessoas (comparação com o mesmo trimestre de 2016, segundo IBGE).
Temer não citou, contudo, que no trimestre encerrado em março deste ano, segundo o IBGE, a população ocupada no país ficou em 90,6 milhões, queda de 1,7% em relação ao trimestre encerrado em dezembro (92,1 milhões). Segundo o instituto, o número de ocupados é o menor desde julho, quando também ficou em 90,6 milhões.
Crises
Temer não citou as polêmicas vividas pelo governo nem mencionou a Operação Lava Jato, diferentemente do que fez, por exemplo, em seu discurso de posse. Em 12 de maio de 2016, ele apontou a necessidade de proteger a Lava Jato contra “qualquer tentativa de enfraquecê-la”.
A cartilha com o balanço do governo também não registrou a operação.
A partir de delações, Temer foi denunciado duas vezes em 2017 pela Procuradoria Geral da República. A Câmara dos Deputados barrou o prosseguimento das duas acusações no Supremo Tribunal Federal.
O presidente também é alvo de dois inquéritos que tramitam no STF, que apuram suposto recebimento de propina na edição de um decreto na área de portos e em contratos da Secretaria de Aviação Civil. Em discursos e entrevistas, Temer vem negando que tenha cometido irregularidades.