Após o anúncio do memorando de entendimento entre Boing e Embraer para a criação de um joint venture (nova empresa), as duas companhias devem correr para apresentar, ainda neste ano, a proposta final de acordo ao governo brasileiro – detentor da golden share (ação de classe especial), que dá poder de veto ao negócio. Segundo especialistas, as empresas devem querer avançar essa etapa antes da eleição para evitar entraves políticos.
O aval final para o negócio depende também da aprovação de órgãos internacionais e autoridades reguladoras do mercado. De acordo com o CEO da Embraer, Paulo César de Souza e Silva, a expectativa é que toda a a transação seja fechada até o final de 2019, o que deve levar entre 12 e 18 meses.
A primeira ação das fabricantes após assinarem esse acordo de intenção é a entrega ao governo brasileiro do detalhamento da proposta. Essa etapa deve ocorrer já até o fim deste ano.
No documento, que vai subsidiar a decisão do presidente Michel Temer, deve constar de maneira oficial o formato final do acordo. A viabilidade também deve ser analisada pelo BNDES, segundo o Ministério da Defesa.
“O cenário político do Brasil apresenta muita instabilidade e isso interfere nas negociações de companhias, ainda mais deste porte. Então há um interesse em acelerar esse processo para evitar esse cenário de incerteza. A posição deste governo já é conhecida”, disse o assessor financeiro Rodrigo Fernandes Garcia, da Manhattan Investimentos.
Valorização
Apesar da queda das ações da Embraer na bolsa no dia do anúncio, Garcia acredita que a tendência a médio e longo prazo é de valorização.
“O mercado reagiu com queda nas ações mais por instabilidade política, que por incerteza econômica desse negócio. Eu acredito que a Embraer vá mudar mundialmente de patamar e que esse entendimento vá trazer bons frutos à companhia brasileira”, avaliou o assessor.
(Foto: Roosevelt Cassio/Reuters)