Os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) destruíram nesta quarta-feira (21) o emblemático minarete inclinado da cidade velha de Mossul e a mesquita adjacente, onde seu líder, Abu Bakr Al Baghdadi, proclamou seu “califado”, anunciou o comandante do exército iraquiano, responsável pela ofensiva em Mossul.
“Nossas forças estavam avançando […] na cidade velha quando, após terem chegado a 50 metros da mesquita Al Nuri, o Daesh [acrônimo em árabe do EI] cometeu um novo crime histórico, ao fazer explodir a mesquita de Al Nuri e a ‘hadba'”, o minarete inclinado adjacente, disse o general Abdulamir Yarallah em um comunicado.
O grupo EI reagiu rapidamente por meio de sua agência de propaganda Amaq e acusou a aviação americana de ter destruído os dois monumentos em um bombardeio.
A destruição destes monumentos, dois dos mais célebres da segunda cidade do Iraque, ocorreu no quarto dia da ofensiva comandada pelo exército iraquiano contra o EI, com o apoio da coalizão militar liderada pelos Estados Unidos, sobre os últimos quilômetros quadrados da cidade velha, onde os extremistas estão entrincheirados.
O primeiro-ministro iraquiano, Haider Al-Abadi, afirmou que a destruição da mesquita “é uma declaração oficial de derrota” do Estado Islâmico.
Foi precisamente na mesquita de Al Nuri que em julho de 2014 Abu Bakr Al Baghdadi proclamou ao mundo o “califado” sobre os territórios conquistados por seus combatentes no Iraque e na Síria, na única aparição pública conhecida do máximo líder do EI.
Esta se soma, ainda, à longa lista de monumentos históricos iraquianos, destruídos pelo EI no Iraque e na Síria desde que Abu Bakr Al Baghdadi proclamou seu “califado” nas zonas controladas por seu grupo nos dois países, há três anos.
Cercada por muralhas do século XI que acabaram destruídas no século passado e à margem do Rio Tigre em seu setor oriental, a Cidade Velha de Mossul constitui o coração da segunda metrópole iraquiana, que durante vários séculos foi um entroncamento de rotas comerciais entre a Índia, a Pérsia e o Mediterrâneo
Com 45 metros, o minarete inclinado também era conhecido como “a torre de Pisa iraquiana” ou como Al Hadba (a corcunda), nome dado pelos habitantes de Mossul.
Concluído em 1172 e decorado com figuras geométricas formadas com ladrilhos, o minarete era um emblema da cidade e está nas notas de 10 mil dinares do dinheiro iraquiano.
Após assumir o controle de Mossul, há três anos, o EI impôs sua versão fundamentalista da lei islâmica (sharia) e destruiu vários monumentos históricos, entre eles o principal museu da cidade e vários mausoléus.
O minarete inclinado, que era considerado uma perversão pelo EI, estava na mira dos jihadistas, mas a população local havia conseguido impedir sua destruição até o momento.
Nos últimos dois anos, o território controlado pelo EI foi se reduzindo diante das ofensivas lançadas por um mosaico de forças regionais, apoiadas por uma coalizão liderada pelos EUA