O Acidente Vascular Cerebral (AVC) está entre as principais causas de internação e morte no país. O Dia Mundial de Combate ao AVC, celebrado em 29 de outubro, é forma de relembrar sobre os sintomas e principais causas da doença. Dados da Organização Mundial de AVC (WSO) mostram que a cada seis segundos uma pessoa no mundo morre vítima da doença. Somente no Brasil, a estimativa do Ministério da Saúde é que ocorram mais de 400 mil casos até o final deste ano. O número de mortes pode chegar a 120 mil.
O Acidente Vascular Cerebral ocorre quando um vaso sanguíneo que leva sangue ao cérebro para de funcionar, seja por obstrução – levando ao AVC Isquêmico – ou por rotura, causando AVC Hemorrágico. Quando parte do cérebro deixa de receber sangue e oxigênio, as células cerebrais começam a morrer. A gravidade da doença pode variar de acordo com a extensão e localização da sequela.
A hipertensão é o principal fator de risco comum às pessoas que sofrem AVC. Diabetes, histórico familiar e fumo também são elementos perigosos que contribuem para o surgimento da doença.
A atendente Lucélia Batista, de 33 anos, sofreu AVC há seis meses. Moradora de Barra Mansa, ela trabalha em um call center próximo ao Hospital Vita, em Volta Redonda. “Eu estava trabalhando quando comecei a ficar sem voz e depois falava enrolado. Meu rosto ficou paralisado de um lado e minutos depois, eu perdi o movimento do braço esquerdo”, relatou a jovem. Desconfiada dos sintomas, Lucélia logo procurou atendimento médico. “O hospital é do outro lado da rua, fui andando até lá e ainda estava bem, mas piorei quando cheguei. Senti muito sono e desmaiei. Quando voltei não conseguia mais levantar o braço”, contou a jovem.
Acompanhada por colegas de trabalho e pelo médico neurologista, ela passou por tomografia e ressonância e diz não se lembrar com precisão do que exatamente aconteceu. “Foi constatado um AVC hemorrágico bem grande do lado direito. Não precisei passar por cirurgia, mas fiquei 13 dias no CTI e 10 dias internada no quarto”, afirmou.
Após um mês e meio, Lucélia começou a notar a recuperação. Com os movimentos recuperados, ela ainda precisou fazer tratamento com fisioterapeuta e fonoaudiólogo, para reconstruir a voz. “Meus pais e amigos estavam sempre comigo. Mas é muito normal ter depressão pôs AVC, a vida muda. Você não pode fazer muita coisa, então tem que firmar com Deus. A fé que me ajudou”, ressaltou.
Atualmente, Lucélia já se sente melhor, mas ainda precisa de muitos cuidados. Ela ainda deve ficar afastada do serviço nos próximos cinco meses, mas já consegue executar uma de suas paixões: “Voltei a maquiar, sou maquiadora também. Eu estou muito bem, mas ainda não posso fazer muitas coisas, o rosto ainda está com um pouco de paralisia”, acrescentou. Ela ainda contou que continua com uma alimentação equilibrada, toma anticonvulsivante, não pode pegar peso e fazer atividades físicas e precisa evitar o estresse.
ESPECIALISTA ALERTA
O neurologista Christian Cândido Ferreira, de Volta Redonda, alertou para os principais sinais. “A princípio, o diagnóstico pode ser feito em casa. Alterações na fala, fraqueza nas pernas e braços, boca ou sorriso torto são indícios da doença”, destacou o médico, orientando para que sejam feitos três procedimentos. São eles: pedir para a pessoa sorrir; pedir para cantar uma música; e pedir um abraço. Os sinais de alerta podem ser identificados através destas ações. E a procura por um médico deve ser imediata.
De acordo com Christian, o AVC é mais comum a partir dos 50 anos de idade, o que não impossibilita de ocorrer em outra faixa etária.
Dados da Associação Brasil de AVC apontam que, em cinco anos, a recorrência da doença pode chegar a 24% em mulheres e 42% em homens. Sobre os números, o neurologista explicou que não há diferença nos sintomas. O que muda, segundo ele, é que as mulheres geralmente estão mais aptas a se cuidar, realizando exames com mais frequência que os homens.
Para Dr. Christian, casos de pacientes do Acidente Vascular Cerebral já se tornaram comuns na região. Somente em Volta Redonda, ele ressalta que o problema é responsável por quase 40% da mortalidade.
Entre as medidas de prevenção, o especialista sugere que as pessoas se mantenham atentas ao controle da pressão arterial, da diabetes, do colesterol e de outras doenças crônicas. A arritmia cardíaca também pode levar ao AVC. O cigarro, álcool e uso de drogas também contribuem para o surgimento do problema.
Praticar atividades físicas regularmente e consumir alimentos com baixo teor de sal e gordura pode ajudar na prevenção.
O TRATAMENTO
Segundo Dr. Christian Cândido Ferreira, atualmente existe um tratamento dependente do prazo de procura por um especialista. O paciente tem até seis horas para reverter a doença, através da Trombectomia Mecânica, uma cirurgia mínima que permite desentupir os vasos sanguíneos. O procedimento é rápido e logo após, o paciente já está fora de perigo.
“No entanto, esse paciente não está totalmente fora de risco, porque o AVC pode voltar a se manifestar em uma mesma pessoa. Após o processo, é indispensável que o paciente comece a se cuidar e realizar todos os exames necessários para evitar a doença”, completou o neurologista.
Ele entende que o Dia Mundial do Combate ao AVC é uma maneira de conscientizar e alertar as pessoas sobre a importância do diagnóstico precoce, que pode fazer toda a diferença no tratamento. No caso da Trombectomia Mecânica, o paciente deve chegar ao hospital dentro do limite de horário para que seja candidato a receber o tratamento.