Com a proximidade do Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, discussões sobre a valorização dos direitos e da cultura negra no Brasil acontecem em Mato Grosso. Para abordar o assunto, uma mesa redonda sobre a situação das comunidades quilombolas do estado e a inauguração de uma casa da cultura em uma dessas comunidades.
Com 70 comunidades em seu território, distribuídas por 21 municípios, Mato Grosso possui uma população quilombola muito representativa e por isso, o governo do estado propôs uma mesa redonda para discutir a situação desses grupos.
O evento “População Quilombola em foco: Como o Estado de Mato Grosso tem avançado nessa questão” será realizado das 8h às 12h desta segunda-feira (16), no auditório da Secretaria de Estado de Gestão, no Centro Político e Administrativo.
Segundo a Setas, a proposta desta programação especial é fortalecer o processo de conscientização e reflexão da igualdade social e racial na sociedade, para que a história do negro, a sua cultura e a sua relação com a sociedade seja discutida, celebrada e valorizada.
“Optamos pela mesa redonda por tratar-se de instrumento metodológico onde se discute um assunto, sobre o qual todos participantes tem o direito de manifestar suas opiniões de forma democrática”, justifica Marilê Ferreira, secretária adjunta de Assistência Social.
Foram convidados para participar da mesa representantes do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Cepir), Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDM), Conselho Estadual da Criança e do Adolescente (Cedca) e Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CEDDPH).
E ainda técnicos e gestores do Sistema único de Assistência dos municípios que tem quilombolas em Mato Grosso: Acorizal; Água Boa, Barra do Bugres; Cáceres; Chapada dos Guimarães; Comodoro; Confresa; Glória D’ oeste; Nossa Senhora do Livramento; Poconé; Pontes e Lacerda; Porto Alegre do Norte; Porto Estrela; Rosário Oeste; Santo Antônio do Leverger; São José do Rio Claro; Várzea grande e Vila Bela da Santíssima Trindade.
E como um primeiro passo para a conservação e disseminação da cultura quilombola está a inauguração da Casa da Cultura da Comunidade Quilombola de Mata Cavalo, em Poconé.
Construída de forma sustentável, ela é o produto final de uma série de oficinas realizadas na comunidade, em parceria com o Grupo de Pesquisa em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (Gpea), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e integrantes do PET Conexões de Saberes “Diferentes Saberes e Fazeres na UFMT”.
A casa foi feita de barrote (pau a pique) como de costume dos ancestrais quilombolas. O chão batido é de cupim. A cobertura da casa é um telhado verde de grama, na busca de conforto térmico, e abriga um pequeno sistema de captação de água por uma cisterna. O interior da casa de 80m2 está sendo organizado como uma casa-museu que apresenta os aspectos peculiares da cultura local: o fogão de barro, a rede, o pote de água, os artefatos tradicionais, os artesanatos produzidos pela comunidade, fotografias que registram personalidades e ancestralidade, a identidade, a luta, a dança, os sabores, os saberes e as tradições.
A iniciativa faz parte das festividades da Feira de artes, saberes e sabores, que é realizada anualmente pela escola como parte das atividades reflexivas da Semana da Consciência Negra.
Sobre o Dia Nacional da Consciência Negra
A data homenageia a memória de Zumbi, um escravo que foi líder do Quilombo dos Palmares, que morreu em 20 de Novembro de 1695. Esta data foi estabelecida pelo projeto de Lei nº 10.639/ 2003.
A data surgiu para lembrar o quanto os negros sofreram, desde a colonização do Brasil, suas lutas, suas conquistas, ou seja, uma reflexão sobre o relevo da cultura e do povo africano e o impacto que tiveram na evolução da cultura brasileira. Mas também serve para homenagear àqueles que lutaram pelos direitos da raça e seus principais feitos.