O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou a detenção de uma funcionária externa da agência de espionagem norte-americana NSA, suspeita de ter sido a fonte de uma notícia sobre como hackers russos tentaram interferir no sistema eleitoral norte-americano dias antes das eleições presidenciais de Novembro de 2016, que deram a vitória a Donald Trump.
Reality Leigh Winner, de 25 anos, era funcionária da consultora Pluribus International Corporation e trabalhava desde Fevereiro nos escritórios da NSA no estado norte-americano da Geórgia. Estava autorizada a aceder a informação classificada como “muito secreta”. Winner é acusada de ter revelado dados da investigação às suspeitas do envolvimento de Moscovo na eleição de Novembro, disputada entre Trump e a democrata Hillary Clinton.
A detenção foi anunciada pouco depois de, na segunda-feira, o The Intercept ter publicado uma notícia com base num documento secreto da NSA que avança que os serviços secretos russos tentaram lançar um ataque informático contra pelo menos um fornecedor de software de máquinas de voto electrónico e um outro ataque de phishing aos emails de mais de 100 responsáveis locais envolvidos no processo eleitoral.
Não se concluiu, no entanto, que as acções dos hackers tenham sido bem-sucedidas. A informação classificada, refere o site, foi obtida através de uma fonte anónima e é, até agora, a mais detalhada que veio a público sobre a alegada intervenção da Rússia nas eleições norte-americanas. Essa fonte anónima, deduz a imprensa norte-americana, será Winner.
O relatório a que o The Intercept teve acesso, com data de 5 de Maio, foi publicado pelo jornal na íntegra, expurgadas algumas referências ao longo das cinco páginas do documento. Winner terá imprimido o relatório dias depois, a 9 de Maio, fazendo-o chegar à publicação online de jornalismo de investigação. No dia em que a informação veio a público, esta segunda-feira, acabou por ser detida. “Distribuir material classificado sem autorização ameaça a segurança da nossa nação e mina a confiança pública no Governo”, justificou o procurador-geral adjunto Rod Rosenstein.
Em Janeiro, os serviços secretos norte-americanos deram conta de uma “campanha de influência” com fonte no Kremlin que terá tido o objectivo de descredibilizar a candidatura de Hillary Clinton, no que a CIA, o FBI e a NSA descreviam como uma “escalada significativa” dos esforços russos no sentido de desestabilizar a “ordem liberal e democrática dos EUA”.
Com as suspeitas que recaem sobre o Governo russo a adensarem-se, o Presidente Vladimir Putin veio reafirmar na semana passada que o Kremlin não está envolvido no ataque aos servidores do Partido Democrata, embora tenha admitido que por detrás dos ataques informáticos possam estar “mentes patriotas” russas.
O intuito dos hackers, acreditam os serviços de informação norte-americanos, seria influenciar a campanha presidencial e ajudar a garantir a vitória de Donald Trump, que acabaria por ser eleito Presidente.