Conhecido por ter descoberto grandes nomes para o Santos Futebol Clube, o ex-olheiro do clube, Betinho, hoje trabalha no Instituto Neymar Jr, localizado no bairro da Glória, em Praia Grande, Baixada Santista. Dentre os principais ‘achados’ para as categorias de base do Peixe, Betinho descobriu justamente o hoje craque da Seleção Brasileira. Com o passar dos anos, tornou-se amigo da família de Neymar e foi convidado pelo pai do atacante para integrar a lista de funcionários do Instituto.
Agora, coordena os trabalhos de André Luis e Alex Souza, os dois treinadores de futebol do Instituto Neymar Jr e ainda tenta garimpar possíveis novos talentos para o futebol brasileiro. Satisfeito com o trabalho realizado pelo projeto na Praia Grande, garante que reforço escolar é fundamental na formação de um jovem jogador. Além de Neymar, Betinho também descobriu Robinho e Gabigol.O que te faz enxergar que um garoto é diferente dos demais?
Se tiver um bom equilíbrio, habilidade, agilidade, principalmente quando é criança. Coordenação motora… Só perdem em resistência e força. Mas ele tem sete anos para ser trabalhado, entra com sete e termina com 14. Quando olharmos, vamos esperar o crescimento. Os movimentos repetitivos que automatizam o futebol, o drible, o passe, curto ou longo, cabeceio, requerem tempo. Se ele passar aqui um ou dois anos, os bons professores vão ajudá-lo a desenvolver esse talento e crescer.
E nessa parte, o reforço escolar do Instituto também pode ajudar?
É reforço escolar também no futebol. A maioria não conhece muito a regra do futebol, a gente pode empregar as 17 regras porque aqui eles estudam inglês e espanhol. Então, primeiro a gente passa em português. Se aparecer um talento, ele pode ir para fora já sabendo falar outras línguas. Às vezes, pergunto a dimensão do travessão oficial e a maioria não sabe. A matemática na vida de um atleta é importante também. Quando ele entrar no clube, 4-3-3 ou 3-5-2, vai ter que pensar. Geometria, correr em diagonal, na paralela. A gente impulsiona os atletas dessa forma.
E como são passados os conteúdos para os garotos?
São conteúdos que podem ajudar, não atrapalhar. Com 16 anos, ele se profissionaliza, aí ele direciona. Sim, o que acontece muito no futebol, existe uma dinâmica. Estamos num processo de formação disso. Como aqui não é time, não é colégio, pelo nome do Neymar, os clubes vão vir aqui procurar talentos também.
A decisão de trazer o Alex Souza, ex-Santos, para cá foi sua?
O que é melhor, eu quero do meu lado. Melhora também a qualidade de conhecimento dos próprios alunos. Alex foi treinador do Santos, campeão e ele estava parado. Passou por um processo seletivo aqui dentro, mas o que trouxe foi a qualidade. Pode o Betinho falar algo, mas o que faz permanecer é a qualidade. Ele e o André. Aquilo que eu puder administrar por conhecimento e vivência, passo para eles. Estou aqui de segunda a sexta.
Mais do que dar oportunidade aos garotos, o Instituto também ajuda as famílias, certo?
Isso aqui vai muito além do futebol, mais do que o reforço escolar, a família do garoto também tem espaço para vislumbrar um futuro. Você imagina quem cata papelão na rua, traz a criança para cá e ainda pode curtir uma piscina, ganhar curso de embelezamento, aprender novas coisas, isso é muito importante também, então a pessoa pode começar a pensar em fazer outras coisas da vida também