No linguajar brasileiro, os argentinos diriam que Marcos Rojo é o “peixe” de Alejandro Sabella no elenco da Argentina. Em um grupo cheio de jogadores badalados, principalmente no setor ofensivo, o lateral-esquerdo chegou ao Brasil, ao lado do goleiro Romero, como o convocado mais questionado. Cria do treinador no Estudiantes de La Plata, havia quem dissesse que só disputa o Mundial pela relação que tem com o mentor. Isso tudo, até três partidas atrás. Isso tudo, até – com o perdão do jogo de palavras – tirar de letra os questionamentos e dar uma joelhada nos críticos.
Passada a primeira fase, Rojo é, de longe, o melhor jogador da linha defensiva da Argentina no Mundial do Brasil. Com uma até então desconhecida aptidão ofensiva, tem chegado bem ao fundo para cruzamentos e demonstra força física para fechar seu setor lá atrás. Pela esquerda, os hermanos ainda não sofreram na Copa. Pelo contrário, por ali tiveram um dos lances de maior plasticidade e arrepios, quando, no segundo tempo da estreia contra a Bósnia, o jovem de 24 anos demonstrou uma frieza incrível para espantar o perigo com um toque de letra, que repercutiu muito em seu país.
Muita gente por aí tinha dúvidas, falava dele, e agora mostra que estava preparado tanto defensivamente quanto ofensivamente Messi, sobre o desempenho de Rojo na Copa.
As marcas ofensivas também são dignas de muito orgulho. Em um time tão refém de Messi na primeira fase, foi dos pés de Rojo que saíram os dois gols argentinos além dos quatro do camisa 10. Quer dizer, não dos pés. Diante dos bósnios, foi o lateral quem cabeceou para o gol contra de Kolasinac. Duas rodadas depois, foi o herói na partida com a Nigéria, ao marcar meio sem jeito, de joelho, o terceiro gol na vitória por 3 a 2. Tal desempenho fez com que o mais novo entre os 23 convocados para o Mundial ganhasse elogios até mesmo da estrela da companhia.
– Muita gente por aí tinha dúvidas, falava dele, e agora Rojo mostra que estava preparado tanto defensivamente quanto ofensivamente – disse Lionel Messi.
Rojo foi promovido por Sabella aos profissionais do Estudiantes em 2009, quando, na reserva, viu o time ser campeão da Libertadores. Meses depois, com apenas 19 anos, foi titular no Mundial de Clubes e enfrentou o Barcelona de Messi na decisão. O bom desempenho o fez ser chamado por Sérgio Batista para seleção em 2011. A afirmação, no entanto, veio com o primeiro treinador. Ao todo, já são 25 partidas pela equipe nacional e um gol, justamente em uma Copa.
– Rojo é a maior surpresa do Mundial. Se sabia que Messi é a estrela, Gago vinha de uma temporada ruim, e Agüero e Higuaín se arrastavam com problemas físicos, mas Rojo nunca tinha convencido ninguém de nada e mostra no Mundial sua melhor versão. Tem sido sólido na marcação e tem apoiado bem no ataque, por mais que tenha feito um gol de joelho – definiu Juan Pablo Mendéz, editor do jornal “Olé”.
Com apenas 21 anos, Rojo trocou La Plata por Moscou em 2011, para defender o Spartak. Após duas temporadas na Rússia, se mudou para Portugal e atualmente joga no Sporting de Lisboa. Poucas vezes, entretanto, teve tanto destaque como o de agora, pela Argentina. De sorriso fácil, o jogador celebrou o momento atual.
– Nada mal. Estou muito contente, feliz com a Copa que estou fazendo. Agora, é seguir trabalhando. O gol vinha quase saindo, no primeiro tempo (com a Nigéria) tive uma chance de cabeça. Saiu no segundo tempo, estou muito feliz. É sensacional, não posso definir com palavras. Vou dedicar para família, que está sempre comigo.
Com Rojo titular e, enfim, inquestionável, a Argentina volta a jogar na próxima terça-feira, às 13h (de Brasília), contra a Suíça, na Arena Corinthians, em São Paulo. A partida é válida pelas oitavas de final do Mundial, e o vencedor terá pela frente Bélgica ou EUA nas quartas, em Brasília.