Nas documentações encaminhadas pelos executivos da JBS à força-tarefa da Lava Jato no âmbito do acordo de delação premiada, estão extratos de uma conta secreta mantida na Suíça pelo dono da empresa, Joesley Batista, na qual teriam sido depositados cerca de R$ 300 milhões em propina devida ao PT. A conta tinha como titular uma empresa de fachada sediada no Panamá, segundo reportagem publicada nessa quinta-feira (18) no site da revista “Época”.
De acordo com a publicação, a conta foi sendo abastecida aos poucos, com recursos de vantagens ilegais obtidas pela JBS junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nas gestões do PT à frente do Palácio do Planalto. As vantagens à empresa foram concedidas especialmente nos anos em que Luciano Coutinho presidia o banco de fomento.
Nas planilhas da JBS, a conta-corrente de propina era dividida entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Segundo disse Joesley em seu depoimento de delação, o dinheiro era sacado, no Brasil, “em nome de Lula e por ordem de Lula”, às vezes por meio do ex-ministro Guido Mantega – e também em campanhas do PT em 2010 e 2014.
Os recursos, segundo a reportagem de “Época”, eram entregues em espécie e depositados em contas de laranjas indicados pelo PT e por Lula e, também, transferidos para contas oficiais de campanhas. Parte expressiva desse bolo, de acordo com Joesley, foi usada para comprar o apoio de partidos pequenos na campanha de Dilma em 2014.
A jornalista Eliane Cantanhêde, do jornal “O Estado de S. Paulo”, disse que, hoje, o poder de fogo dos irmãos Joesley e Wesley Batista vai atingir “mortalmente” Lula, Dilma, o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) e o ex-chanceler e ex-presidenciável José Serra (PSDB). Os valores movimentados pela corrupção supostamente envolvendo estes políticos “são de tirar o fôlego”, de acordo com a colunista, “e surgirão nomes que, até aqui, vinham passando ilesos”.
O alcance dos “tentáculos” da JBS, que será conhecido hoje, assemelha a delação do frigorífico ao acordo da Odebrecht, com uma diferença: os executivos da empreiteira decidiram fechar o acordo com a Lava Jato depois de presos, já os irmãos Batista tiveram tempo para produzir provas contundentes contra políticos.
A colunista avisa que, nesta sexta-feira, ao se tomar conhecimento de todo o conteúdo da delação da JBS, a população estará de frente para um conteúdo considerado “devastador” para todo o mundo político. Assim, este 19 de maio será mais um dia para entrar para a história triste do país.