O diretor de segurança do Comitê Rio 2016, Luiz Fernando Corrêa, confirmou nesta quarta-feira (10) que o ônibus ocupado por jornalistas realmente foi atingido por uma pedra e que a perícia descartou a possibilidade de disparos de arma de fogo terem atingido o veículo. Para ele, o ocorrido na noite de terça-feira (9) foi “um incidente de oportunidade”.
Segundo ele, o motorista do coletivo foi orientado a deixar o local o mais rapidamente possível, já que os ocupantes do ônibus ficariam expostos se a perícia do veículo fosse realizada ali.
“Foi um incidente de oportunidade no deslocamento do patrulhamento móvel. O local foi mapeado e, além do patrulhamento móvel, terá uma equipe fixa. O nosso papel é fazer o intermédio entre o evento e as autoridades de segurança. A equipe da nossa área passou a acompanhar o evento todo”, explicou Corrêa.
Ainda segundo o diretor de segurança da Rio 2016, a perícia concluiu que o ônibus foi atingido por pedra e não por tiros. “Mais detalhes serão divulgados até o fim do dia”, garantiu Luiz Fernando Corrêa.
Jornalista americana: ‘Sei identificar um tiro’
As afirmações da organização dos Jogos foram contestados pela jornalista americana Lee Michaelson, que estava no ônibus. Ela insistiu no fato de que o veículo foi atingido por tiros.
“Parecia uma arma de pequeno calibre. Foram dois tiros rápidos. Dois barulhos que não poderiam ser de pedras, ‘pop pop’. O ônibus estava por volta de 50 km/h. O tipo de impacto parecia o de um tiro. Eu servi nas Forças Armadas, não sou uma especialista, mas eu já ouvi tiros. Sei identificar um”, assegurou a americana, que contou o que viu durante o incidente.
“Eram 19h30. A gente tinha saído de lá [Deodoro]. Cerca de 20 pessoas estavam no ônibus. Ele [motorista] começou a parar o ônibus e falamos.para ele continuar. Duas balas atingiram duas janelas diferentes. Uma tentativa de negar o que aconteceu me deixa realmente brava”, afirmou Michaelson.
Diretor de comunicação da Rio 2016, Mario Andrada afirmou que as luzes internas do ônibus foram acesas pelo motorista para que quem estivesse de fora observasse que não havia presença militar dentro do veículo.
Andrada disse ainda que não se arrepende de ter dito que o Rio seria a cidade mais segura do mundo durante os Jogos: “Um atleta não se arrepende de dizer que vai ganhar antes da partida”.
Para Luiz Fernando Corrêa, qualquer questão que envolva a família.olímpica tem uma repercussão que se soma à imagem da cidade e passa uma sensação de insegurança. “No entanto, todas as pesquisas indicam que os visitantes estão se sentindo mais seguros. É natural de uma grande metrópole que ocorra algum tipo de incidente”, afirmou o diretor de segurança.
Relembre o caso
O ônibus, que transportava jornalistas brasileiros e estrangeiros entre as arenas da Olimpíada, foi atingido e teve as janelas quebradas por volta das 19h30, na altura de Curicica, em Jacarepaguá, quando ia do Complexo de Deodoro em direção ao Parque Olímpico da Barra.
Ainda de acordo com o Comitê Rio 2016, dois passageiros sofreram ferimentos leves. Um deles é o jornalista bielorrusso Artur Zhol.
“A gente estava voltando do jogo de basquete entre Brasil entre e Bielorrússia. Eu sentei perto da janela e ouvi um ‘buu’ pequeno, não foi muito alto. O vidro quebrou, ficou destruído e todos os jornalistas se jogaram no chão. Paramos perto de um carro de polícia, o policial entrou no ônibus, olhou, observou e seguimos o trajeto”, contou Zhol, que sofreu um pequeno corte no dedo.
A Polícia Rodoviária Federal informou que não acompanhava o coletivo no momento em que o veículo foi atingido. O Comitê Rio 2016 informou que a Polícia Civil está responsável pela apuração do que ocorreu.
Veja abaixo a íntegra do comunicado divulgado pelo Comitê Rio 2016:
Segundo relato do motorista, um dos ônibus do sistema de transporte de mídia deixou a Arena da Juventude, em Deodoro, por volta das 19h30 desta terça, 9 de agosto, em direção ao Parque Olímpico da Barra.
Ao se deslocar pela via expressa Transolímpica, nas proximidades de Curicica, o motorista ouviu um barulho de dentro do ônibus que pensou ser da queda de um equipamento de fotografia.
Imediatamente, olhou pelo espelho retrovisor e percebeu que os passageiros estavam deitados no chão.
Continuou a dirigir por alguns metros até avistar uma viatura de polícia e parar.
Neste momento, percebeu que dois vidros do mesmo lado do ônibus estavam quebrados.
Retomou o percurso sob escolta da viatura e, com o deslocamento, os vidros das janelas quebradas começaram a ceder.
Após chegar ao Centro de Mídia, constatou que dois passageiros apresentavam ferimentos leves causados pelos estilhaços de vidro.
O motorista prestará depoimento à polícia ainda esta noite acompanhando por um gerente de Segurança do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Também esta noite o ônibus será submetido a perícia oficial pela polícia. Os resultados preliminares serão divulgados assim que estiverem prontos.
O Coordenador Geral de Defesa de Área (CGDA) do Exército e a Polícia Militar informaram que aumentaram o patrulhamento na região.