Desde a madrugada de segunda-feira (4), parte do Rio Grande do Sul tem enfrentado eventos adversos como tempestades, fortes ventos, queda de granizo e transtornos associados ao grande volume de chuvas. Segundo a Metsul Metereologia, foram registradas rajadas de vento de 152 km/h em Vacaria e 96 km/h em Canela. Cinco óbitos foram registrados até a manhã desta terça-feira (5).
Até a noite desta segunda, o temporal havia deixado 215 pessoas desalojadas. Os desabrigados são de cinco cidades, sendo a mais afetada Nova Bassano, com 90 pessoas fora de suas casas. As cidades mais atingidas estão nas regiões Norte, Serra e Vale do Taquari. O ciclone extratropical que gerou o evento extremo dirige-se para a região Sudeste e deve provocar chuva e queda nas temperaturas.
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Segundo dados da Sala de Situação do Estado, que atua em parceria com o Centro de Operações do órgão, até o momento as cidades com maior volume acumulado de chuva em 72 horas são Passo Fundo (291,6 mm), Água Santa (221,6 mm), Ijuí (217,6 mm), Entre-Ijuís (207,4 mm) e Vacaria (202,2 mm). Além disso, foram reportados alagamentos nos municípios de Santo Expedito do Sul, Lajeado do Bugre, Nova Bassano, São Jorge, Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Ibiraiaras e diversos outros pontos.
Eventos climáticos dessa natureza tem ocorrido com maior frequência no estado. Como nos meses de junho e julho deste ano. O primeiro foi o ciclone extratropical na costa do Litoral Norte na metade de junho, que deixou 16 mortos, e um segundo ciclone no começo da segunda quinzena de julho, com saldo de cinco mortes.
Cinco óbitos
Até o momento, a Defesa Civil informou cinco óbitos. Um homem foi vitimado, em Mato Castelhano, ao tentar atravessar o rio Piraçuce; em Passo Fundo, um homem sofreu um choque elétrico, no bairro Cruzeiro; em Ibiraiaras, um casal morreu ao ter o carro levado por uma correnteza quando atravessava uma ponte no município; no município de Estrela, um homem morreu eletrocutado na manhã desta terça-feira.
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Segundo o subchefe de Proteção e Defesa Civil, coronel Marcus Vinicius Gonçalves Oliveira, é necessário que sejam tomados cuidados constantes. “As mortes que tivemos não são diretamente decorrentes da chuva, mas da falta de cuidados. É importante a atuação dos municípios, que devem estar com seus planos de contingência atualizados e informados para a população”, informou.
El Niño vai trazer mais chuvas
De acordo com a Metsul, este episódio de chuva muito intensa não será o único deste mês. Haverá novos eventos de precipitações volumosas no estado em setembro. Um segundo já deve ser esperado na segunda metade desta semana com a formação de uma frente quente no Sul gaúcho que depois avançará como frente fria, gerando mais chuva volumosa.
Dados já indicam um terceiro evento de chuva volumosa no Rio Grande do Sul na semana que vem, entre os dias 12 e 13. Conforme aponta a meteoroligsta Estael Sias, da Metsul, o evento de chuva extrema deste começo de setembro sinaliza o começo dos efeitos do El Niño.
Rodovias bloqueadas
Vinte trechos de 13 estradas do estado estão com algum tipo de bloqueio, de acordo com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer-RS). Alertas continuam sendo publicados periodicamente no site da Defesa Civil e em suas redes sociais. No site, há ainda uma série de medidas de segurança recomendadas.
O governo federal está trabalhando em conjunto com as prefeituras dos municípios afetados pelas chuvas e com o governo do estado do Rio Grande do Sul para mitigar os danos das inundações e, neste primeiro momento, prestar suporte emergencial às famílias, com acesso à água potável, alojamento e alimentação.
Situação em Porto Alegre
Na capital gaúcha as fortes chuvas causaram alagamento no Parque Harmonia, onde está ocorrendo o Acampamento Farroupilha. Segundo a concessionária Gam3 Parks, o alagamento foi causado pela obstrução de caixas fluviais em parte de duas ruas dentro do parque. Para ambientalistas que integram o coletivo Preserva Redenção, a retirada de árvores do Harmonia pela Gam3 Parks teria contribuído para reduzir a drenagem natural do parque.
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A chuva também provocou o desmoronamento de parte do talude do Arroio Dilúvio, na avenida Ipiranga. Em consequência, um trecho da ciclovia também desmoronou. O local fica próximo ao cruzamento com a avenida Silva Só, sentido bairro-centro.