A China enviou mais de 80 veículos de guerra para simulações de ataques contra ‘alvos cruciais’ em Taiwan, no segundo dia das manobras militares que devem prosseguir até segunda-feira, 10, quando o governo pretende utilizar munição letal no Estreito de Taiwan, perto da costa de Fujian, uma província que fica diante da ilha. Essas operações são uma resposta à recente reunião entre a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e o líder da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy. Segundo a televisão estatal do país, o exército chinês simulou “ataques de precisão” na ilha de Taiwan e nas águas circundantes”, com a participação de 11 navios de guerra e 70 aviões chineses. Pequim destacou que os exercícios têm a participação de contratorpedeiros, lanchas de alta velocidade e aviões de combate, entre outros. O ministério da Defesa de Taiwan informou que responde às manobras “com calma e serenidade” e explicou que os aviões de guerra detectados até 16H00 (5H00 de Brasília) incluíam caças e bombardeiros.
As manobras têm o objetivo de estabelecer a capacidade da China para “tomar o controle do mar, o espaço aéreo e da informação para criar uma dissuasão e um cerco total de Taiwan”, destacou o canal estatal CCTV no sábado. Taiwan e o governo dos Estados Unidos criticaram a operação, que recebeu o nome “Espada Conjunta”, e pediram “moderação” a Pequim, ao mesmo tempo que afirmaram manter aberto os canais de comunicação com a China. Os chineses consideram a ilha de Taiwan, de 23 milhões de habitantes, uma de suas províncias que ainda não conseguiu reunificar com o restante do território desde o fim da guerra civil, em 1949. As manobras “servem como advertência severa contra o conluio entre as forças separatistas que buscam ‘a independência de Taiwan’ e as forças externas”, advertiu no sábado o porta-voz militar chinês, Shi Yin. O governo dos Estados Unidos reconheceu a República Popular da China em 1979 e, em tese, não deveria ter nenhum contato oficial com a República da China (Taiwan) com base no princípio de “uma só China” defendido por Pequim. No sábado, 8, Washington reiterou no sábado o apelo para que “status quo não mude” na ilha. “Estamos confiantes em que contamos com recursos e capacidade suficientes na região para garantir a paz e a estabilidade”, afirmou o Departamento de Estado.
A presidente Tsai denunciou no sábado o “expansionismo autoritário” da China e afirmou que Taiwan “continuará trabalhando com os Estados Unidos e outros países (…) para defender os valores da liberdade e da democracia”. A China está irritada com a aproximação dos últimos anos entre as autoridades taiwanesas e o governo dos Estados Unidos, que, apesar da ausência de relações oficiais, fornece à ilha um importante apoio militar. Em agosto, a China executou manobras militares sem precedentes ao redor de Taiwan e disparou mísseis em resposta a uma visita à ilha da democrata Nancy Pelosi, antecessora de McCarthy na presidência da Câmara de Representantes. O governo dos Estados Unidos reconheceu a República Popular da China em 1979 e, em tese, não deveria ter nenhum contato oficial com a República da China (Taiwan) com base no princípio de “uma só China” defendido por Pequim.