“Teria sido melhor ir ver o filme do Pelé”. Esse é o sentimento da jornalista Andreia Aparecida da Silva Eugênio, de 28 anos, que não queria ver tão logo a morte do humorista Roberto Bolaños, criador de Chaves – seu seriado predileto. O corpo do artista está sendo velado no México neste domingo (30). Do personagem, ela guardará boas recordações, seja em frente à televisão ou defendo a própria dissertação para conclusão da faculdade em Taubaté (SP).
Como a maior parte da geração nascida a partir da década de 1980, Andreia é fã do programa. Cresceu acompanhando a história do menino da vila e o utilizou a atração como tema do trabalho de conclusão de curso apresentado em 2007 pela Universidade de Taubaté (Unitau).
“O programa fez parte da minha infância, como da infância de muitas outras pessoas. Com o trabalho eu queria analisar uma comunicação que tinha dado certo. Queria alguém que tivesse se dado bem na televisão. Juntei isso com meu gosto pessoal e o sucesso do programa”, conta a jornalista.
Para a dissertação ela analisou três episódios do seriado, entre eles “O Último Exame” e “A Morte do Seu Madruga”. “Tive que escolher os episódios que não fossem os meus prediletos para poder analisar melhor a temática e a narrativa”, afirma.
Para Andreia, porém, o melhor capítulo é “O Julgamento do Chaves”, no qual os moradores da vila tentam encontrar o responsável pelo atropelamento de um gato e fazem um julgamento improvisado na casa de Dona Florinda – vivida pela esposa de Bolaños, Florinda Meza.
“O popular é visto com preconceito e muitos nem acreditavam que o trabalho fosse acontecer. No final tirei dez e não era um tema exatamente acadêmico. Fiquei muito feliz. Chaves retrata situações atemporais e a realidade do homem”, afirma Andreia.
A jornalista afirma que guardará grande admiração por Bolaños e conta ter chorado pela morte na última sexta-feira (28). “Um colega que sabia da minha monografia e sabia que eu gostava dele, me ligou para contar. Senti como se tivesse morrido alguém da minha família. Chorei assistindo as homenagens. Ele era um gênio e estava presente na nossa vida inteira”.