A Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, e a Universidade de Tecnologia de Eindhoven, na Holanda, fizeram um estudo fundamental para a volta ou não do futebol no mundo.
Depois de simulações em computadores e laboratórios ficou comprovado que gotículas de saliva, de alguém correndo, contaminado com o coronavírus, pode espalhar o covid-19 até por 20 metros.
E caminhando, até quatro metros.
Já se sabia que um espirro pode atingir o raio de oito metros.
Esses dados chegaram até a Fifa pela Organização Mundial da Saúde.
Por isso, Gianni Infantino refreou sua ansiedade em promover a volta do futebol, mesmo pressionado por bilionários contratos com patrocinadores e as mais poderosas redes de tevês do mundo.
“Nenhum jogo de futebol vale mais do que uma vida.
“Seria mais do que irresponsável obrigar as competições a recomeçar.
“Se tivermos de esperar mais um pouco, vamos esperar.”
A postura do presidente da Fifa foi clara, firme.
E ele estava se referindo aos torneios mais importantes do mundo, a Champions League e os Campeonatos Nacionais da Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália.
Infantino já demostrou publicamente na semana passada, que a Fifa não vai se dobrar.
Mas na América do Sul, mais precisamente no Brasil, o movimento é antagônico.
A CBF, pressionada pelas Federações e clubes, querem o retorno do futebol o mais rápido possível.
Na primeira quinzena de maio.
Para isso, a entidade, discretamente, com a coordenação do médico Jorge Pagura, médicos de clubes e um infectologista, sim, um infectologista Sérgio Wey, redigiu um manual para a volta dos jogadores das Séries A,B,C e D aos treinos.
A CBF alega que se inspirou em procedimentos que já começaram a ser adotados na Espanha, de Portugal, Japão e da Alemanha.
Mesmo com o campeonato suspenso na Europa até o final deste mês, alguns clubes voltaram aos treinos.
Como o Bayern de Munique, que vem recebendo várias críticas de médicos.
Os principíos que serão usados no Brasil são básicos. Primeiro, os aparelhos de testes do coronavírus, o Flamengo já adquiriu 600.
Depois, a aquisição de medidores de temperatura à distância.
Os treinamentos vão impor atletas separados, com dois metros de distância.
Cozinha e vestiários ficarão fechados.
Os jogadores deverão vir com uniforme de treinos e tomarem banho nas suas casas.
Quem estiver contundido fará tratamento com máscaras, tratados por médicos e fisioterapeutas de luvas e também máscaras.
E por decisão da CBF, os primeiros torneios a voltarem são os Estaduais. Para evitar que os clubes sejam obrigados a viajar no Brasileiro e na Copa do Brasil.
Mas os jogos seriam de portões fechados. Com a torcida proibida de ficar nas imediações dos estádios.
O sonho de Rogério Caboclo é que o futebol retorne mesmo na primeira quinzena de maio.
Só que não há nada de concreto, que aponte para a liberação da Organização Mundial de Saúde. Pelo contrário. A ordem segue até mais firme para que o confinamento seja mantido.
Os dirigentes brasileiros já estão sabendo dessa situação.
E há uma postura simbólica.
Firme, decisiva.
O presidente do Fluminense, o advogado Mário Bittencourt, já se coloca absolutamente contra a volta dos campeonatos.
Enquanto prevalecer o veto da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúce.
Bittencourt é presidente da Comissão Nacional dos Clubes.
Advogado importante, ele sabe que, se algum atleta ou funcionário for infectado pelo coronavírus, poderá processar o clube que trabalha,
Ficaria impossível provar que o contágio aconteceu ou não em uma partida. Ou até treino.
Seria um grande risco jurídico para todos.
A não ser com a liberação da OMS.
E do Ministério da Saúde.
Além da Fifa.
Os dirigentes de clubes se dividem.
Eles começam a sentir os efeitos financeiros da paralisação.
Assim como os atletas, que tiveram seus contratos reduzidos.
O ideal seria o retorno do futebol imediato.
A CBF não quer mais dar dinheiro aos clubes.
Assim como as Federações.
Outros presidentes de clubes estão preocupados com a pandemia.
Sabem do risco mortal do vírus.
E do risco dos treinos, quanto mais dos jogos, a curto prazo.
Esse é retrato atual do futebol brasileiro.
Completamente desfocado…