Carnaval e blocos de rua costumam atrair um público que, além da música, busca também beijar na boca.
É nesta época que aumenta a incidência da chamada ‘doença do beijo’ e de outras infecções transmissíveis pela saliva, afirma a infectologista Raquel Muarrek.
A mononucleose, uma contaminação viral, é conhecida como doença do beijo por ser transmitida pela saliva. Raquel lembra que compartilhamento de copos e talheres também pode transmitir a doença.
Os sintomas podem levar até três dias para se manifestarem após a contaminação, o que facilita a transmissão de uma pessoa para outra neste período.
A doença causa dor de garganta, fadiga, cansaço, febre, perda de peso e aumento dos gânglios linfáticos. É causada pelo vírus Epstein-Barr. O tratamento consiste em hidratação e repouso.
“A gente recomenda que não compartilhe copo e não beije. A pessoa pode ficar até um ano transmitindo a doença”, afirma a médica.
Outra doença transmissível pela saliva é o citomegalovírus, que possui quadro clínico muito parecido, com a diferença de não apresentar dor de garganta e ter um quadro de febre prolongado.
Segundo o Manual Merck de Diagnóstico e Tratamento, o vírus fica hospedado no corpo do por toda a vida e os sintomas podem reaparecer com queda da imunidade.
Outro vírus que permanece no corpo após a contaminação é o da herpes. “O tipo 1 é que podemos pegar pela boca.”, afirma Raquel.
A transmissão pode acontecer mesmo quando as lesões características da doença não estão aparentes, de acordo com o Manual Merck.
A infectologista explica que a pessoa que foi contaminada pode levar até sete dias para apresentar a primeira infecção e até 30 dias para apresentar virologia positiva no exame de sangue.
Apesar de a transmissão pelo beijo ser incomum, aumentam os registros de casos de sífilis após o Carnaval. A bactéria também pode ser transmitida por sexo oral.
Diferente das outras, virais, esta doença é causada por uma bactéria, Treponema pallidum. Ela é dividida em três estágios.
“No primário, o sintoma é a ferida na região genital. Apesar de incomum, já vi na boca também”, afirma.
A sífilis secundária apresenta manchas na pele e na mucosa da boca e pode apresentar febre. No terciário pode levar à meningite ou miocardite. O tratamento é feito com antibióticos (injeções de penincilina).
Por último, Raquel lembra da caxumba. “Apesar de ser uma doença com vacina, tivemos um surto em 2018 e 2019. Por isso é importante manter a carteira vacinal em dia”, afirma.
A doença pode ficar até 25 dias incubada e começar a ser transmitida até sete dias antes dos primeiros sintomas. O mais conhecido é o inchaço na região do pescoço, mas também apresenta cansaço e febre.
“É uma doença grave, pode levar a orquite [aumento da bolsa escrotal], pancreatite, meningite e até perda auditiva e da visão, já que afeta a parte neurossensorial.”