Se as chuvas no Estado de São Paulo continuarem abaixo da média, o sistema Cantareira pode secar em julho, segundo pesquisa realizada pelo Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) em São José dos Campos (SP). O reservatório, que abastece a Grande São Paulo, opera com 6,1% de sua capacidade total nesta terça-feira (10).
A previsão está em um relatório divulgado no início de fevereiro pelo Cemaden e considera média de chuvas nos últimos anos e quantidade de água que passa pelas represas. Na pesquisa foram feitas cinco simulações com previsões até o fim de 2015.
No pior cenário, caso a chuva fique 50% abaixo do esperado, o segundo volume morto do sistema se esgotaria em meados de julho. Com chuvas dentro da média, o volume deve subir e chegar a 13% em setembro, final do período de estiagem. Caso chova 50% acima da média, o nível do Cantareira deve ficar em 38% em setembro e ultrapassar os 90% até o final do ano.
“Os cenários nos próximos meses é chover na média ou pouco abaixo da média. O quanto? É muito difícil de falar. Este cenário de 50% acima da média não aparece em nenhum dos cenários das previsões climáticas”, afirmou a hidróloga Adriana Cuartas.
Para elaboração do relatório, pesquisadores e hidrologistas trabalharam com dados fornecidos pelo Centro de Previsão do Tempo e Clima (Cptec), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Sabesp. Além disso, o Cemaden tem 33 pluviômetros instalados nos reservatórios que formam o Sistema Cantareira. O objetivo do estudo é contribuir para o planejamento de abastecimento de água na região. “A nossa ideia é ajudar a fazer o gerenciamento de como precisa ser feita a extração [de água] para não colapsar o Cantareira”, diz Adriana.
Cantareira
O nível do Sistema Cantareira subiu pelo sétimo dia em fevereiro e passou de 5,9% para 6,1% nesta terça-feira (10), segundo boletim divulgado pela Sabesp. O conjunto de represas é responsável por abastecer 6,2 milhões de pessoas na Grande São Paulo. Essa foi a sexta elevação em fevereiro, mês com mais altas desde que a Sabesp emitiu o primeiro alerta sobre a crise hídrica no Cantareira, em 27 de janeiro do ano passado.
O Cantareira terminou 2014 sem recuperar 492 bilhões de litros de água perdidos durante os 12 meses. O ano começou com o nível do reservatório em 27,2% e terminou com 7,2%. Porém, com a utilização das duas cotas do volume morto (a primeira elevou o manancial em 18,5 pontos percentuais e a segunda em 10,7 pontos percentuais) é como se os reservatórios tivessem iniciado 2014 com um volume acumulado de 56,4%.
Assim, a queda foi 49,2% durante o ano. O número representa 492 bilhões de litros. De acordo com estimativas da Sabesp, o reservatório tem capacidade de armazenar 1 trilhão de litros, quando está com 100% do seu nível.