Apesar do arrastar do impasse nas negociações entre a Grécia e os credores, a bolsa grega fechou em alta a sessão desta terça-feira pelo terceiro dia consecutivo. Já as obrigações de dívida helénica seguem com um sentimento dividido.
O principal índice bolsista grego (FTASE) encerrou a sessão desta quinta-feira, 14 de Maio, a valorizar 0,44% para 250,03 pontos, acumulando assim o terceiro dia consecutivo a negociar em terreno positivo num dia em que chegou a crescer mais de 1,90%. A bolsa grega acompanhou assim o sentimento que predomina esta tarde nas restantes praças europeias.
As três sessões seguidas de valorização do FTASE acontecem depois das perdas de 2,83% registadas na segunda-feira, dia marcado pela realização da reunião do Eurogrupo que discutiu novamente a actual situação grega.
Apesar das garantias que foram dando conta de que a Grécia continuava a deter liquidez necessária para fazer frente aos seus compromissos, o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, admitiu hoje que o seu país apresenta dificuldades para conseguir pagar ao Banco Central Europeu (BCE).
Numa conferência organizada pela revista britânica Economist, realizada na Grécia, Varoufakis lançou mesmo a proposta de serem adiados, “para um futuro distante”, os pagamentos ao BCE que durante Julho e Agosto ascendem aos 6,7 mil milhões de euros.
Não obstante a profusão de afirmações a darem conta dos avanços alcançados nas negociações entre a Grécia e as instituições credoras, tendo em vista a chegada a um acordo final sobre as reformas que as autoridades helénicas terão de implementar para verem libertada a última tranche de 7,2 mil milhões de euros prevista no programa de assistência grego, o Executivo liderado pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras defendeu esta quinta-feira ser chegado “o tempo de os credores fazerem um esforço” para atingir o pretendido acordo.
Ainda assim, o governo protagonizado pelo Syriza reiterou os “grandes progressos” registados nas conversações entre as partes. Todavia, são cada vez mais as vozes a afirmarem que será difícil alcançar um acordo com Atenas ainda em Maio. No final de Junho termina o programa de assistência grego que, em Fevereiro, foi prolongado por quatro meses. Entretanto, as autoridades gregas mostraram disponibilidade para negociar a implementação de reformas no sistema de pensões helénico, área sobre a qual o programa eleitoral do Syriza traçava uma das propaladas “linhas vermelhas”.
Já os juros da dívida grega estão a reagir de forma heterogénea a este cenário indefinido. Enquanto nas maturidades a dois e a 10 anos, as obrigações helénicas seguem em queda, nos prazos a quatro, 15 e 20 anos estão a subir.
Assim, a taxa de juro exigida pelos investidores para transaccionarem dívida grega entre si nos mercados secundários segue a recuar 68,8 pontos base para 20,27% e 3,3 pontos para 10,51% nos prazos a dois anos e a dez anos, respectivamente.
Já na maturidade a quatro anos, as “yields” gregas sobem 29,9 pontos base para 14,89%, enquanto nas maturidades a 15 e a 20 anos seguem a crescer 8,0 e 7,0 pontos para 9,59% e 8,76%, respectivamente.