Ocupar a posição de centroavante na seleção da Croácia em Copas do Mundo é viver ininterruptamente “assombrado” pela figura de Davor Suker, eterno artilheiro da campanha de terceiro lugar em 1998. Com a inconfundível camisa quadriculada, há um personagem que conhece muito bem essa história. Dono da posição no fraco desempenho no Brasil, o astro Mário Mandzukic terá a segunda chance de expurgar o fantasma particular agora na Rússia
Embora possa reclamar da pressão imposta pelo retrospecto de 98, Mandzukic não pode se queixar da safra que o acompanha. Classificada como “geração de ouro” pela imprensa local, a Croácia chega para o mundial com um elenco talhado em competições europeias. O atacante será municiado por uma horda de nomes de peso: Modric, Kovasic, Perisic e Rakitic… Há dez anos, os nomes eram, além de Suker, de Igor Tudor, Mario Stanic e, claro, Zvonimir Boban.
– A gente tem mencionado estas semelhanças há algum tempo. Sabemos que temos um bom time, com bons jogadores. Nós temos nossas metas, e a primeira é passar pela fase de grupos. Achamos que somos capazes disso – disse o atacante antes da estreia na Copa do Mundo
MANDZUKIC “DE CLUBES” X SUKER “DE SELEÇÃO”
Poucos contestam que Mandzukic tem uma carreira mais sólida que a lenda croata em clubes. Os dois inclusive têm uma Liga dos Campeões no currículo. Mas acaba aí a igualdade, uma vez que o desempenho pessoal foi bem diferente. Além de ter um vice com a Juventus – seu time atual -, Mandzukic marcou pelo Bayern de Munique no título em cima do Borussia Dormunt (1997/1998). Já Suker – vivendo temporada ruim – apenas saiu do banco e jogou pouco mais de três minutos no título do Real Madrid sobre a Juventus (1997/1998).O abismo entre os dois aparece mesmo no comparativo das performances pela seleção. Suker é o maior goleador da história do selecionado croata com 45 gols. Mandzukic aparece logo em seguida, com 30. São 15 gols e… duas façanhas de diferença entre os dois. Suker foi o artilheiro e líder da geração de 98 que só parou na semifinal para anfitriã e, posteriormente, campeã França. Aliás, a Croácia chegou a abrir o placar, mas perdeu aquela partida por 2 x 1. Adivinha só quem colocou o gostinho de uma decisão de Copa do Mundo na boca do povo croata? Isso mesmo, Davor Suker, que fechou o mundial como maior goleador com seis bolas na rede. Ele também marcou o gol da vitória na disputa de terceiro lugar contra a Holanda.
ÚLTIMA CHANCE?
Mandzukic vai disputar sua segunda Copa do Mundo. Ele era a referência há quatro anos quando a Croácia caiu no grupo do Brasil e foi eliminada ainda na primeira fase – Brasil e México avançaram. Fora da estreia naquela ocasião por suspensão, disputou dois jogos no mundial. Fez dois gols. Pode até dizer que tem média de um gol por jogo em Copas do Mundo. Mas este é o copo meio cheio quando, na realidade, está perto de estar vazio.
Com 32 anos, esta é provavelmente a última aparição de Mandzukic em Copas do Mundo. Aliás, a derradeira da chamada geração de ouro da Croácia. Os astros Rakitic e Modric também já passaram dos 30. Aliás, o jogador do Barcelona não garantiu sequência na seleção após o mundial.
Mais experiente, Mandzukic chega ao mundial como astro da Juventus e artilheiro do seleção croata nas Eliminatórias com cinco gols marcados em 11 jogos. Lembra do copo? Com uma geração de ouro por trás junto com a mística da camisa que veste, o atacante tem a chance de fazer o copo quase seco de sua história em mundiais transbordar no país da vodka.
Mandzukic é astro na Juventus (Foto: Reuters)