Após um ano de vigência, o programa ‘Mais Médicos’ atinge menos da metade das 39 cidades da Região Metropolitana do Vale do Paraíba.
Atualmente, 21 municípios da região estão fora do programa. As 18 cidades que foram contempladas contam com a participação de 133 profissionais –a maioria deles estrangeiros, vindos principalmente de Cuba– que atendem mais de 450 mil pessoas da região.
Prefeitos consultados dividem quanto à aprovação do programa federal, criado para atender prioritariamente as regiões mais carentes do País no auxílio básico de saúde.
Por meio do programa, o Ministério da Saúde paga R$ 10,4 mil por mês aos profissionais contratados –os cubanos ficam com apenas R$ 3.000, pois o restante vai para o governo de Cuba, por meio da Opas (Organização Pan Americana de Saúde).
Saldo. O prefeito de São Luís do Paraitinga, Alex Torres (PR), disse que a cidade recebeu apenas um médico, de dois solicitados. Mesmo assim, a avaliação é positiva.
“A médica que enviaram é extraordinária. Se pudesse ter mais dez iguais a ela, seria excelente. O problema hoje dos municípios pequenos é que nenhum médico brasileiro aceita nossas vagas, por causa do salário”, revelou.
Já o prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci (PPS), ainda espera a vinda do médico reivindicado ao governo federal. O administrador disse que enfrenta dificuldades para ser atendido.
“Pedimos dois médicos, só tivemos um aprovado, e até agora ele não chegou. Era para vir há três meses, e nada. Vamos contratar médicos com recursos próprios”, criticou.
Mapa. Dos 18 municípios que receberam médicos do programa na região, Jacareí é o que tem o maior número: 42.
Segundo a Secretaria de Saúde, a vinda contribuiu para ampliar a atuação do PSF (Programa Saúde da Família).
“Para a ampliação das equipes também estão sendo contratados cerca de 110 agentes de saúde, além de enfermeiros”, diz nota.
São José conta com 39 médicos que atuam em 44 equipes de atenção básica. O principal ganho, segundo a pasta, foi no aumento dos atendimentos. No Novo Horizonte, região leste, antes eram 60 horas por semana. Hoje saltou para 320. “O que corresponde a 1.280 consultas”, informou a pasta.
Em Taubaté, são 25 médicos atuando, inclusive um palestino: Dr. Ahmed Shehada.
Piquete foi a única cidade administrada pelo PT na região que deixou de receber os médicos do programa. “Não solicitei”, disse a prefeita Ana Maria Gouveia, a Teca.
Modelo opõe principais candidatos ao Planalto
São José dos Campos
Os principais candidatos ao Palácio do Planalto colocaram o ‘Mais Médicos’ em debate nos últimos dias.
A presidente Dilma Roussef (PT), que tenta a reeleição, elogiou o programa afirmando que ele atende sim as regiões mais carentes do país.
O tucano Aécio Neves disse que, se for eleito presidente, não se submeterá “às regras impostas por Cuba”, mas prometeu manter o Mais Médicos.
Para Eduardo Campos (PSB), o programa deve ser mantido, principalmente nas comunidades onde não há alternativas de atendimento, o que exigiria alterações.
Guerra. A discussão sobre o programa também entrou em pauta nas discussões dos principais interlocutores dos presidenciáveis, colocando mais chama na disputa PT-PSDB.
“É um programa de sucesso, já atendeu 50 milhões de brasileiros. Se não fossem estes médicos, isso não aconteceria no nível ótimo de atendimento. A proposta do Aécio significa acabar com o programa”, acusou o deputado federal Carlos Zarattini (PT).
Para o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB), é “lamentável o país se submeter a uma regra ideológica”.
“O Aécio vai fazer uma reformulação, deixando de transferir os recursos para Cuba. Queremos criar carreiras aqui e mais vagas nas universidades, mudanças que não foram prioridades do atual governo”, afirmou.