Uma filmagem de notas de dinheiro levou à prisão de dois policiais rodoviários federais na tarde de segunda-feira (8). Um motorista denunciou os agentes por extorsão durante uma abordagem na Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro.
A abordagem ocorreu na altura de Santa Isabel, na Grande São Paulo. O homem estava com a carteira de habilitação suspensa e, por isso, recebeu uma proposta dos agentes: se ele pagasse R$ 500, teria o documento liberado e poderia seguir viagem.
Com o celular, ele gravou o momento em que os policiais combinaram o local da entrega do dinheiro. “Você quer ir em Santa Isabel ver se consegue levantar isso aí e você me espera no trevo de Santa Isabel?”, perguntou um dos agentes, acrescentando que iria passar no local ao meio-dia para pegar o dinheiro.O trevo em Santa Isabel fica a 37 km do posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em São José dos Campos, onde os policiais foram encontrados, horas depois, com o dinheiro da propina.A conferência das notas só foi possível porque o motorista aproveitou o momento em que estava sozinho, logo depois de sacar o dinheiro, para gravar, dentro do carro, o número de série das cédulas. “Ó, numeração da nota de 100, da nota de 20, da nota de 10. Estou meio que revoltado; R$ 400, pessoal, que eu estou perdendo agora aqui para um policial rodoviário federal”, disse, durante a filmagem.
Os policiais foram presos cerca de nove horas depois e levados para a sede da Polícia Federal, na Lapa, Zona Oeste de São Paulo. “Esse é um tipo de prova irrefutável, então precisa realmente da colaboração do denunciante para que consiga colher essas provas”, disse o inspetor da PRF Ricardo de Paula. “Para a gente, é interessante tirar os maus policiais, e quando a gente tem provas para isso o processo é muito mais rápido.”
Na tarde desta terça (8), Ricardo Correa da Silva e Luciano Américo de Oliveira Pinto, que estão há 24 anos na polícia, saíram para uma audiência de custódia. Eles não quiseram falar sobre a prisão. Eles foram indiciados por concussão, que é quando o funcionário público usa o cargo para exigir uma vantagem indevida.
Na audiência de instrução, o juiz converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva. Segundo a investigação, com eles foram achadas outras carteiras de habilitação com os agentes. A Corregedoria da PRF também apura se eles tentaram destruir provas, como imagens de uma câmera de segurança da rodovia.
O motorista não vai responder criminalmente porque foi vítima e denunciou o caso, mas, como dirigia com habilitação suspensa, vai ter que pagar multa e ser aprovado no curso de reciclagem.