A chuva forte que atingiu São Paulo a partir do fim da tarde deste domingo (9) provocou destruição e caos ao longo de toda a segunda-feira. A cidade chegou a registrar 164 pontos de alagamento.
A tempestade fez rios transbordarem, causou dezenas de alagamentos, deslizamentos e travou a cidade. Durante a noite desta segunda-feira (10) a água não baixou, e vários pontos de São Paulo permaneciam submersos, incluindo trechos das marginais Pinheiros e Tietê.
A água só começou a baixar na madrugada desta terça-feira (11). Mas ainda havia pontos alagados no início da manhã.
A Ponte das Bandeiras, na Marginal Tietê, por exemplo, chegou a ficar cerca de 17 horas alagada. Bairros seguiam alagados durante a noite na Zona Norte, em bairros como a Vila Guilherme, e na Vila Leopoldina, na Zona Oeste da cidade.
Às 20h, o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da prefeitura ainda registrava 86 pontos de alagamentos ativos, sendo 60 intransitáveis e 26 transitáveis. Por volta das 22h15, o CGE atualizou os pontos de alagamento ativos para 22, sendo 16 intransitáveis e 6 transitáveis. Pouco depois das 2h desta terça, 6 pontos seguiam intransitáveis.
A circulação dos transportes públicos (ônibus, metrô e trens) ficou comprometida, e a prefeitura suspendeu o rodízio de veículos, medida que vai continuar a valer durante toda a terça.
O comércio estima prejuízo de R$ 110 milhões.
Na rede estadual de ensino, as aulas foram suspensas em 40 escolas afetadas pelas chuvas, que continuarão sem aulas nesta terça. Na rede municipal, 44 escolas públicas tiveram aulas suspensas, mas a previsão da Prefeitura é de que todas reabram nesta terça.
A previsão é a de que o céu ainda fique encoberto nesta terça e que chuviscos atinjam a Grande São Paulo e a capital, segundo o CGE. A temperatura deve variar entre 18ºC e 21ºC. Na quarta (12), são esperadas chuvas rápidas e isoladas.
Chuva recorde
O volume de água registrado no intervalo de 24 horas foi o maior para um mês de fevereiro em 37 anos, informou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Os rios Tietê e Pinheiros transbordaram, o que não ocorria desde março de 2016. Segundo a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, desde 2005 o Pinheiros não transbordava na integridade de sua extensão. A duas marginais ficaram com trechos intransitáveis.
A circulação dos transportes públicos (ônibus, metrô e trens) ficou comprometida, e a prefeitura suspendeu o rodízio de veículos, medida que vai continuar a valer durante toda a terça-feira (11).
Por volta das 18h30 desta segunda, todas as zonas da cidade saíram do estado de atenção para alagamentos – o status havia sido determinado à 1h02. Os estados de alerta foram mantidos apenas nas marginais Pinheiros e Tietê, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de São Paulo.
Diversas pessoas ficaram ilhadas em casas e ruas, e muita gente não conseguiu chegar ao trabalho (clique aqui para ler relatos dos afetados pela chuva). Botes foram usados em operações de resgate. A recomendação dos Bombeiros e da Defesa Civil do Estado é que as pessoas evitem sair de casa.
Além disso, ficaram alagados a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e o Campo de Marte, aeroporto da Zona Norte da capital. De acordo com o Corpo de Bombeiros, 14 pessoas foram resgatadas de dentro da Ceagesp ao longo do dia.
Os Bombeiros registraram 1018 acionamentos por enchentes, 170 quedas de árvores e 182 desabamentos na capital e Grande São Paulo. Em Osasco, um menino de 8 anos foi soterrado e resgatado com vida. A Prefeitura da cidade decretou estado de calamidade, e outros municípios da Grande São Paulo tiveram desabamentos, com pessoas desalojadas.
O governo e a Prefeitura de São Paulo responsabilizaram a chuva excessiva pelos inúmeros transtornos.
“É uma cidade extremamente impermeabilizada, não há absorção. Os sistemas de piscinão funcionaram até o limite, os sistemas de bombeamento funcionaram até o limite, mas o que ocorreu foi: excesso de chuva em um período pequeno”, disse o Secretário Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, declarou que os moradores da cidade que se sentirem prejudicados pelos alagamentos podem pedir ressarcimento de impostos nas Subprefeituras. Os valores, segundo ele, serão ressarcidos no IPTU de 2021.
O temporal foi provocado pela passagem de uma frente fria pela costa paulista, associada a uma área de baixa pressão atmosférica.Segundo o CGE, em dez dias já choveu cerca de 208 mm, o que equivale a 96% da média esperada para o mês de fevereiro (216,7 mm). Apenas entre 7h e as 13h desta segunda, o volume foi de 88,7 mm na cidade.
Foto: Romerito Pontes/Futura Press/Estadão Conteúdo