A principal linha de investigação da Polícia Civil é que o motorista do ônibus que se envolveu no acidente com ao menos 41 mortos em Taguaí, no interior de São Paulo, tenha cometido homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Um dos sobreviventes da tragédia, ele também pode responder por lesão corporal.
Sem autorização para prestar o serviço, o veículo conduzia funcionários de uma fábrica têxtil para o trabalho, quando colidiu contra uma carreta na Rodovia Alfredo Oliveira Carvalho (SP 249). O motorista do caminhão, que morreu, também estava em situação irregular: ele não possuía habilitação para conduzir esse tipo de veículo na CNH.
Para os investigadores, só há uma certeza sobre a dinâmica do acidente até o momento. “O ônibus invadiu a faixa contrária, e o que motivou a isso é o caminho da nossa investigação agora”, diz a delegada Camila Rosa Alves, responsável pelo caso.
Segundo a investigação, o ônibus teria se deparado com outro caminhão, que estava em baixa velocidade à frente, e entrou na contramão. A manobra provocou a batida com a carreta
Resta saber se o movimento aconteceu por ser um tentativa irregular de ultrapassagem, já que o trecho da colisão é de faixa contínua. A outra hipótese, alegada pelo motorista, é que houve uma falha no sistema de frenagem e o condutor teria sido obrigado a trocar de faixa para evitar bater na traseira do outro caminhão.
Para isso, a Polícia Civil espera resultado de perícia no veículo. “Tudo indica que não tenha sido uma falha mecânica, mas não tenho como afirmar isso sem o laudo”, afirma a delegada.
No inquérito, também foram solicitados exames toxicológicos para os condutores, além de perícia no local. Os tacógrafos também foram apreendidos, mas a delegada evitou informar a velocidade indicada dos automóveis. No local, o limite para veículos pesados é de 80 km/h.
“É um local onde, via de regra, as pessoas costumam abusar da velocidade”, disse. À polícia, testemunhas também disseram informalmente que o condutor seria conhecido por exceder o limite permitido.
Caso a investigação confirme que houve imprudência, ele deve responder criminalmente pelas mortes e ferimentos das vítimas. Já se a hipótese de falha mecânica for verdadeira, o motorista não seria indiciado.
Entre a noite de quarta-feira e a madrugada desta quinta, 37 das 41 vítimas foram veladas e enterradas em Itaí, no interior paulista. Sem iluminação suficiente, o cemitério precisou receber caminhões de luz emprestados de concessionárias de rodovias para realizar os velórios em série.