O ex-ministro da Justiça Anderson Torres presta depoimento nesta segunda-feira, 8, à Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito que investiga ações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o 2º turno da eleição presidencial. A denúncia é de que a PRF teria feito blitz para dificultar a chegada de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos locais de votação. Na época, o Ministério da Justiça negou as denúncias, assim como a PRF. Diante do inquérito, a expectativa é pelo depoimento de Torres, que segue preso há quatro meses em um batalhão da Polícia Militar em Brasília no inquérito que investiga os atos de 8 de Janeiro. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), que esteve com Torres neste domingo, 7, fez questão de ressaltar que o ex-ministro está disposto a prestar depoimentos e esclarecer todas as dúvidas da PF. “Ele está com a consciência tranquila, porque era função dele tomar algumas atitudes. Agora, você não pode, em um processo, deixar um cara preso em função de outro inquérito diferente. Ele vai esclarecer tudo isso. Ele quer esclarecer”, disse Izalci.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o depoimento por considerar que o ex-ministro é acompanhado por um médico que informou que os remédios de Torres foram reajustados e que, por isso, ele teria condições de prestar depoimento. Moraes também lembrou que Torres tem o direito de permanecer em silêncio, mas os senadores que visitaram Torres explicaram que ele não se negará a prestar o depoimento. Torres recebeu a visita de oito parlamentares, que avaliaram que a manutenção da prisão de Torres é ilegal. Por isso, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) defende a necessidade de cumprimento da legislação. “A Constituição está sendo desrespeitada. A gente não está pedindo clemência ou compaixão. A gente está pedindo que seja observada a lei do país. A Constituição não pode ser vilipendiada por aqueles que deveriam ser os primeiro guardiões. Anderson Torres é o símbolo nacional da injustiça que está acontecendo no Brasil com relação a uma prisão arbitrária que já ultrapassou todos os limites e que o cidadão de bem quer que a Constituição seja cumprida”, disse Girão. Nesta semana, senadores pretendem procurar demais ministros do STF e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para discutir o assunto.