O Vasco começou o Campeonato Brasileiro vivendo uma tarde de pesadelos, mas que não pode virar a já tradicional “tarde para ser esquecida”. Muito pelo contrário. A derrota por 4 a 1 para o Athletico-PR, na Arena da Baixada, precisa ser lembrada. Não pelo resultado, mas pelo o que se viu em campo.
Pouca coisa funcionou no Cruz-Maltino. O problema é que o que não funcionou foi extremamente mal. O técnico Marcos Valadares escalou o Vasco novamente num 3-5-2, que não surtiu efeito. Ainda no primeiro tempo, mexeu as peças, sem fazer substituições, e tentou corrigir, mas sem sucesso prático.
Além dos erros coletivos, o Vasco também pecou individualmente diante de um Athletico-PR muito eficiente e que ainda desperdiçou oportunidades. Apesar dos quatro gols sofridos, o goleiro Alexander foi bem – não teve qualquer culpa e fez boas defesas. Marrony, no ataque, tentou criar alguma coisa. Já Bruno César entrou no fim para marcar o gol de honra. E só.
Entenda, abaixo, o que aconteceu com o Vasco na Arena da Baixada:
Esquema não deu certo
Diferentemente do que se viu contra o Santos, quando as mudanças do técnico Marcos Valadares surtiram efeito, diante do Athletico-PR o esquema com três zagueiros não serviu. Miranda, Werley e Ricardo, também por culpa da falta de proteção a eles, não conseguiram atender às expectativas do treinador.
Quando tinha a bola, o Furacão tocava, tocava, tocava e entrava como queria pelo meio da defesa do Vasco. Os volantes Raul e Lucas Mineiro não conseguiram proteger os zagueiros e também não foram efetivos na armação das jogadas. O meio de campo todo do Cruz-Maltino se viu dominado pelo adversário, por isso a inferioridade tão clara.
Diante dos problemas, Valadares mexeu mesmo sem fazer substituições: adiantou o garoto Miranda para o meio de campo, deixando o Vasco novamente no 4-4-2, com três volantes. O time melhorou no fim do primeiro tempo, mas muito longe do suficiente para conseguir construir chances de perigo – afinal, só Pikachu, que costuma jogar mais pelos lados, era o armador.
Domínio no meio
O maior problema, durante todo o jogo, foi o domínio do Athletico-PR no meio de campo. O Vasco não conseguiu jogar. Viu o adversário trocar muitos passes, cruzar bolas, criar chances, e não conseguia combater. Com alas num esquema com três zagueiros, o Cruz-Maltino sofreu muito para marcar as subidas dos laterais do Furacão.
Demora para ir à frente
O principal problema do Vasco no setor ofensivo era a criação de jogadas e a falta de gente no meio de campo. Quando tinham a bola, os jogadores sempre procuravam Marrony, no ataque, e não conseguiam achar Maxi López. Foi assim durante boa parte do jogo. Valadares, então, tentou corrigir e colocou Yan Sasse no lugar de Pikachu.O jogador, porém, também está acostumado a atuar mais pelos lados e não conseguiu povoar o meio, exatamente onde o Vasco perdia todas as jogadas. Só depois de 4 a 0 no placar entrou o meia Bruno César, autor do único gol do Cruz-Maltino, justamente pelo meio, em uma bola que sobrou na entrada da área.
Bruno César, sozinho, é claro, não seria capaz de mudar todo o panorama ruim de um Vasco muito mal em campo, mas poderia povoar o meio de campo, achar Maxi López, criar jogadas, chutar de longe com mais qualidade. Fez falta.
Postura
Chamou atenção também a falta de capacidade do Vasco de reagir aos gols que sofria. O primeiro, ainda no primeiro minuto de jogo, fez o Cruz-Maltino perder completamente o rumo na Arena da Baixada. O time não conseguia chegar pelo meio, construir jogadas. As tentativas se resumiam a chutes do Marrony de longe e cruzamentos sem direção para Maxi López na área.
E agora?
Ainda é a primeira rodada do Campeonato Brasileiro, mas a oscilação e o panorama do Vasco para a temporada preocupam. Eliminado da Copa do Brasil, o Cruz-Maltino tem apenas o Brasileirão para disputar e precisa de reforços para não chegar à última partida, como no ano passado, brigando para não ser rebaixado.
A pergunta que fica é: criou-se uma ilusão no início do Campeonato Carioca, com boas atuações, e o buraco realmente é bem fundo, ou ainda não é hora de se desesperar?
Foto: GISELE PIMENTA/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO