Na coletiva de imprensa mais sincera e contundente dentro do Sul-Americano sub-20, o técnico brasileiro Carlos Amadeu disse que o empate com o Equador, com quase nenhuma chance perigosa para o Brasil, foi o retrato da equipe na competição.
– O jogo foi a cara do que tem sido a nossa seleção. Pouca criatividade. Não consegue ser agressiva nem com a posse nem sem a posse de bola – definiu Amadeu.
Questionado sobre como encarariam a Argentina, que pode ser campeã no domingo, Amadeu desabafou:
– Geralmente não comento o próximo jogo, mas nesse caso é especial. Vale o comentário. Temos que ter a consciência do que representa a camisa, seja em jogo, em treino, em Sul-Americano. Está em jogo aqui o futuro da Seleção, o futuro deles, o meu futuro, o da comissão técnica… Temos que arrumar força. Força interior tem que vir. Tem que ter equilíbrio, espírito para não querer passar vergonha. Podemos passar vergonha. Já esta ruim e pode piorar. Terei vergonha se isso acontecer. Sinto vergonha campanha que estamos fazendo. Tenho consciência plena da minha responsabilidade. Na minha carreira não passei por momento tão triste – disse o treinador, que foi campeão sul-americano sub-17 no mesmo estádio.
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A partida
O jogo foi a cara do que tem sido nossa seleção. Pouca criatividade. Não consegue ser agressiva nem com a posse nem sem a bola. Com muitas dificuldades de se aproximar e fazer gols. De terminar as jogadas. Seja concluir a finalização ou acertar o passe final. Quando faz não é com a devida qualidade. Isso aconteceu na competição.
Mudanças na equipe
Algumas alterações foram necessárias.O Bahia estava extenuado. Fomos obrigados a mexer. Ele não tinha condições de jogar os 90 minutos. O Luan Cândido na frente, ele atuou muitas vezes assim no Palmeiras. Na final de competição sub-20 fez três gols na final. Tem bom potencial de chute, de jogo aéreo. Tentamos essa possibilidade. Independentemente das mexidas falta o que faltou em toda a competição. E o resultado não vindo gerou intranquilidade.
Sentimento no vestiário
A tristeza é muito grande, uma decepção pela campanha. Por não ter vencido o jogo, não ter feito gol, não ter atuado bem. Não fomos merecedores. Nos primeiros 15, 20 minutos tivemos controle, depois nada mais. Tentamos, lutamos e não conseguimos. Independentemente de qualquer resultado da Venezuela, meu foco não é esse agora. Temos que entrar e representar meu país e a seleção com orgulho e energia. Tentarmos nos redimir. Esse é meu pensamento.
Seleção não acreditava mais?
Desesperançoso não acho que estavam, mas intranquilos. Fizeram jogo direto que não beneficiou a gente. Poderia ate tentar o Luan Cândido, mas pelos lados do campo. Não pelo alto o tempo todo, jogo que beneficiou eles, que são altos. Se fosse nos últimos cinco minutos vai para o abafa, tudo bem, seria forma válida. Antes foi resultado de intranquilidade.
Socos no ar no segundo tempo
Meu comportamento ali na beira do campo foi porque senti que o time deu fraquejada, não estava acreditando. Comecei a incentivá-los, porque senti que poderia ser pior. Tinha preocupação de incentivá-los ao máximo. Passando minha energia para não aceitar. Acho que deu efeito, eles lutaram mais. Poderia ir para o outro caminho.