O candidato do PSDB à Presidência nas eleições 2018, Geraldo Alckmin, caiu. E não foi apenas nas últimas pesquisas de intenção de voto. O tucano levou um tombo ao visitar, nesta segunda-feira, 17, a creche Alecrim, na Cidade Estrutural, nos arredores de Brasília.
Com um menino no colo, Alckmin perdeu o equilíbrio ao entrar na brinquedoteca da creche, quando outras crianças se enroscaram em suas pernas. Ele tropeçou e foi ao chão de joelhos. Ninguém se machucou.
O tombo de Alckmin, registrado por fotógrafos, ocorre no momento de crise na campanha tucana. Nesta terça-feira, por exemplo, dirigentes do Centrão — bloco formado por DEM, PP, PR,PRB e Solidariedade — vão se reunir com o ex-governador de São Paulo para cobrar mudanças na propaganda eleitoral.
“É um grande risco para o Brasil ficar no segundo turno com PT e Bolsonaro”, disse Alckmin nesta segunda, em uma referência ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro, que lidera as pesquisas de intenção de voto. “Temos de evitar que isso ocorra. O Brasil vive uma situação muito difícil, muito grave e precisamos ter grande empenho para poder tirar o País dessa crise e avançar”.
Pesquisa do instituto MDA encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostrou Bolsonaro com 28,2% das intenções de voto. O candidato do PT, Fernando Haddad, aparece em segundo lugar, com 17,6% das preferências. Ciro Gomes(PDT) vem em 3.º lugar, com 10,8%. Por esse levantamento, Alckmin está na quarta posição, com 6,1%, tecnicamente empatado com Marina Silva(Rede), com 4,1%.
A tensão no comitê tucano aumentou desde a semana passada, quando sondagens eleitorais indicaram que Alckmin não está conseguindo reagir. Na creche comunitária, mantida por doações, o tucano disse nesta segunda que quer ser “o presidente da primeira infância” e procurou minimizar o desempenho aquém das expectativas, após pouco mais de duas semanas de propaganda na TV.
“Eleição é só no dia 7 de outubro. Vamos ter muita oscilação até lá e acho que vamos chegar ao segundo turno. Intenção de voto é por ondas, como nas eleições anteriores. As grandes ondas vão ser bem próximas do processo eleitoral. Acho que lá na frente caminharemos para a racionalidade”, afirmou o candidato do PSDB, insistindo no discurso de que o voto em Bolsonaro é um “passaporte” para o retorno do PT ao poder.
Descaso
A creche visitada nesta segunda por Alckmin é um exemplo do descaso do poder público. Abriga 91 crianças carentes, até 5 anos, e é mantida por doações. Sofreu um incêndio em fevereiro e precisou ter uma parte reconstruída. Mesmo assim, o tucano assistiu ali à chuva entrando dentro dos cômodos, por falta de verba para manutenção.
Antes, o presidenciável esteve em uma empresa de reciclagem de lixo, também na Cidade Estrutural. De microfone em punho e ao lado do deputadoIzalci Lucas (PSDB-DF), que concorre ao Senado, Alckmin parecia conduzir um programa de auditório. Recitava o número e nome de cada um dos candidatos presentes e, depois, pedia votos para o “quarenta e…. quarenta e… quarenta e…”. Esperava a plateia completar para logo em seguida gritar “45”, número do PSDB.
“Brasil, pra frente, Geraldo presidente”, bradavam os apoiadores, que praticamente copiaram o refrão “Brasil, urgente, Lula presidente”. A cópia não parou aí. Na saída, ao ser cercado por correligionários, Alckmin ouviu um “Deixa o homem trabalhar”, nome do jingle da campanha do ex-presidente Lula, condenado e preso pela Operação Lava Jato, à reeleição, em 2006.
Coube a Izalci pregar o voto útil no tucano. “Vocês sabem quanto foi difícil tirar esse PT do governo”, afirmou o deputado. “Nós não podemos correr esse risco agora”. O deputado concorre ao Senado na chapa de Alberto Fraga (DEM) ao governo do Distrito Federal. Fraga é do Centrão, mas apoia Bolsonaro.
Foto: Dida Sampaio/Estadão