A PM apura a atuação de dois policiais militares que balearam um adolescente de 15 anos que brincava com uma arma de plástico em Potim (SP). Os PMs estavam fora de serviço, em carro sem identificação e apenas um deles estava fardado. Na abordagem, ao perceber que seria atingido, o adolescente tentou correr e foi alvejado duas vezes. Ele está internado. A polícia disse que reagiu a uma suposta ameaça porque o revólver não tinha semelhança com um brinquedo. (leia mais abaixo)
O caso aconteceu no último sábado (8), por volta das 16h, quando o adolescente e um amigo de 14 anos brincavam com a arma de plástico em uma rua do bairro Frei Galvão. A família do menino baleado participava do velório da avó dele.
egundo o boletim de ocorrência, os policiais saíam da cidade para trabalhar no batalhão da cidade vizinha Lorena. No caminho, foram abordados por um morador do bairro, que disse ter visto um adolescente armado. Eles foram até o local, no carro particular de um dos PMs, e encontraram os dois adolescentes.
Na ação, eles alegam que pararam o carro na frente dos dois adolescentes, com arma em punho, e que os jovens tentaram fugir. A PM diz que a vítima, Lucas Matheus dos Santos, de 15 anos, apontou a arma de brinquedo contra os agentes e que por isso eles atiraram – cada um deu um tiro. O outro adolescente fugiu e não ficou ferido.
Lucas foi atingido na perna e no abdômen. Ele teve o intestino perfurado, passou por uma cirurgia e segue internado em Guaratinguetá com quadro clínico estável. Ele deve ter alta nos próximos dias, segundo o hospital.
De acordo com a Polícia Civil, depois dos disparos, os PMs perceberam que a arma era de brinquedo. O jovem pediu aos policiais para não ser morto. Com ele, a polícia recolheu duas ‘mamadeiras’ com bolinhas de plástico, usadas como munição.
De acordo com o BO, os policiais afirmaram que “não tinham outra conduta a tomar senão defenderem-se da injusta agressão que parecia real”. O caso foi registrado como lesão corporal decorrente de oposição à intervenção policial. O adolescente ainda vai responder por resistência. Nenhum policial se feriu.
Arma
Segundo a família, Lucas seguiria com o amigo para um acampamento com os colegas da escola, sob os cuidados de um professor. Antes de ser socorrido o menino contou à polícia que estava com a arma para ‘levar à fazenda’.
“Ele comprou a arma de brinquedo na feira em Aparecida, para brincar com os amigos no acampamento. Meu filho não tem passagem, estuda e trabalha”, contou Priscila Santos, mãe do adolescente.
A família ainda defende que a reação de fugir do adolescente aconteceu porque ele se assustou, já que os policiais não estavam identificados e apontaram a arma contra ele. “Meu filho só não morreu porque dois vizinhos interviram na ação gritando pela vida dele. Hoje ele está em uma cama de hospital, sem previsão de alta. Eles tentam matar meu filho e chamam isso de legítima defesa?”, contestou a mãe.
Priscila afirmou que os dois brincavam sozinhos na rua, sem a supervisão de um adulto, porque a família estava no velório.
Outro lado
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou em nota que abriu um inquérito “para a devida apuração das ações”. Os policiais seguem com suas atividades.
Sobre a atuação dos agentes, a SSP reforçou que a atitude “foi defensiva em razão de suposta grave ameaça a integridade dos mesmos”. A secretaria também informou que “o objeto em posse do adolescente se trata de uma réplica de arma de fogo, não podendo se confundir com um brinquedo, pois não apresenta acessórios ou peças coloridas obrigatórias por lei que possam garantir seu pronto reconhecimento”, afirmou.
Em relação a atuação dos policiais fora de horário de trabalho, sem uso de carro da frota da PM e sem uniforme, a SSP informou apenas que um deles estava fardado.