O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira (14), que os juros do rotativo do cartão de crédito não podem continuar como estão.
Segundo ele, foi estabelecido um prazo de 90 dias para resolver o problema da taxa, que afeta a vida de muitos brasileiros.
A taxa de juros do crédito rotativo ficou em 437,3% ao ano em junho.
Haddad ressaltou que está tendo um cuidado com a questão do pagamento parcelado sem juros, que hoje corresponde a 70% das compras feitas no comércio.
Na quinta-feira passada (10), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse em audiência no Senado Federal que o grande problema do endividamento do brasileiro é o juro alto do rotativo do cartão de crédito, sugerindo que este cenário seria resultado do parcelado sem juros.
“Nenhum dos modelos em discussão pressupõe uma ruptura do produto e de como ele se financia.”
A federação defendeu que o cartão de crédito deve ser mantido como “relevante instrumento para o consumo, preservando a saúde financeira das famílias.”
O ministro destacou que precisa ter muita cautela para não afetar as compras no comércio e não gerar outro problema sem resolver a questão dos juros altos do cartão de crédito.
“Tem que proteger o consumidor, mas não comprometer o sistema de vendas, que é o padrão de compras brasileiro. Até alimento é comprado assim”, afirmou Haddad.
Grupo de negociações
Haddad afirmou que há uma mesa de negociações composta por integrantes do Banco Central, Febraban, Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Câmara, Senado e Ministério da Fazenda, que estão tentando estabelecer um prazo para solução da taxa do cartão de crédito.
“Nosso foco é o rotativo, não pode continuar como estar. Estamos levando ao Congresso Nacional, sobretudo à Câmara, um compromisso feito pelo setor privado, pelos bancos públicos e privados, de que isso tem que ter um prazo para terminar”.
Afirmou ainda que a pasta quer se comprometer com a Câmara para que a questão do rotativo chegue a uma conclusão o quanto antes.
“Tenho uma reunião marcada com o deputado Alencar Santana e Elmar Nascimento para dar um equacionamento neste assunto. Mas, não vamos resolver, a não ser que o grupo de trabalho cumpra a sua obrigação.”
Mal-estar com presidente da Câmara
Em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo divulgada nesta segunda-feira (14), Haddad afirmou que a Câmara dos Deputados está com “poder muito grande” e que em sua trajetória política em Brasília “nunca viu nada parecido”.
O chefe da pasta ainda defendeu a necessidade de moderação na relação entre os poderes, e que a Câmara não pode utilizar esse protagonismo para humilhar o Senado Federal e o Executivo.
Essa declaração causou um mal-estar entre os poderes. Por isso, Haddad explicou aos jornalistas que tudo não passou de um mal-entendido.
“As declarações foram tomadas como uma crítica à atual legislatura. Na verdade, estava fazendo uma reflexão sobre o fim do chamado presidencialismo de coalizão. Nós tínhamos, nos dois primeiros Lula, um presidencialismo de coalizão e não foi substituído por uma relação institucional mais estável. Defendi, na entrevista, que essa relação fosse mais harmônica e que pudesse produzir os melhores resultados”, disse o líder da Fazenda.
Segundo Haddad, tudo que tem feito neste tempo foi dividir com o Congresso — Câmara, Senado e Judiciário, as conquistas do primeiro semestre, citando a reforma tributária, o Carf e o marco fiscal.
“Longe de mim criticar a atual legislatura.”
Ele contou que ligou para o presidente Arthur Lira e o mesmo o orientou a fazer um esclarecimento à imprensa.
“As pessoas estão achando que foi uma crítica pessoal e, a luz de toda a relação que foi estabelecida entre nós, eu gostaria de esclarecer isso.”