Após uma chuva de críticas de ex-jogadoras, atletas atuais, dirigentes e organismos internacionais de direitos humanos, a possibilidade do governo da Arábia Saudita se juntar aos patrocinadores da Copa do Mundo Feminina foi descartada nesta segunda-feira por um dirigente da Federação de Futebol da Austrália (FA), um dos países que vão sediar a competição.
– Houve um esmagador consenso de que essa parceria não se alinha com as nossas visões coletivas para o torneio e está muito abaixo das expectativas – afirmou em um comunicado o CEO da FA, James Johnson.
Austrália e Nova Zelândia vão receber a primeira Copa Feminina com 32 seleções, entre 20 de julho e 20 de agosto. Será também a primeira edição com duas sedes.
A notícia de que o torneio poderia ser usado para divulgar o slogam Visit Arabia (Visite a Arábia), do órgão promotor de turismo do governo saudita, recebeu muitas críticas, inclusive das federações de futebol dos países anfitriões. A principal críticas é em relação à repressão sofrida pelas mulheres na Arábia Saudita.
Muitas jogadoras do presente e do passado usaram as redes sociais para criticar a ideia. A norte-americana Alex Morgan disse que o patrocínio não faria sentido “moralmente”. A representação da Anistia Internacional na Austrália destacou a “ironia” de um patrocínio ligado a uma competição feminina vindo de um país onde, por exemplo, “uma mulher sequer pode trabalhar sem a permissão do seu guardião masculino”.
– Ainda que essa parceria não tenha sido confirmada pela Fifa, baseada em consultas que fizemos com a nossa comunidade e as partes interessadas no caso, e com a nossa própria posição, nós não ficaríamos confortáveis com isso – continuou o CEO da FA na nota.