Um empresário, de 36 anos, ficou ferido e foi preso depois de trocar tiros com um policial militar da corregedoria da Polícia Militar, de 29 anos, na madrugada de sábado (4), em uma avenida de Mogi das Cruzes. De acordo com o boletim de ocorrência, os dois tiveram um atrito na saída de uma casa noturna.
O conflito continuou em uma perseguição e troca de tiros por avenidas no bairro do Mogilar. O empresário e a namorada ficaram feridos. O carro deles ficou com várias marca de tiros. A arma encontrada no carro do empresário tinha a numeração suprimida. Segundo a advogada do empresário, ele teve a prisão preventiva decretada.
Já o veículo onde o policial estava com o irmão, a mãe e uma amiga teve o pneu estourado ao se chocar com uma rotatória. Ninguém ficou ferido.
O caso foi registrado como tentativa de homicídio, porte ou posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, excludente de ilicitude e legítima defesa na Central de Polícia Judiciária.
Saída da Balada
O empresário de 36 anos, e a namorada dele, uma comerciante de 21 anos, saíam de uma casa noturna na madrugada de sábado. No mesmo local, estava o policial militar, de 29 anos, da corregedoria da Polícia Militar.
O policial estava em um carro com o irmão, um analista de sistemas de 35 anos, a mãe dele, uma professora de 57 anos e uma amiga dela de 50 anos. Em outro carro, estava um casal de amigos do grupo. Todos são de São Paulo e vieram à Mogi das Cruzes assistir a um show em uma casa noturna.
No boletim de ocorrência, o policial militar relatou que os dois carros saíam do estacionamento em uma fila. Ele disse que o carro do casal amigo da mãe dele estava na frente e ele atrás. Nesse momento, o policial afirmou que um outro carro apareceu e emparelhou do lado direito do veículo dele.
De acordo com o policial, o motorista do carro parecia embriagado ou sob efeito de drogas. De acordo com o policial, o empresário abriu o vidro e começou a gritar “aqui é comando, sai da frente”. O policial disse que como o veículo estava muito próximo, ele freou para dar passagem. Apesar disso, segundo o policial, o empresário não passou. Ele teria ficado acelerando e parecia que ia bater no carro do policial. O policial contou que fechou o vidro do lado direito onde estava o irmão dele e seguiu caminho.
No boletim de ocorrência consta que o irmão do policial também relatou que estavam na fila de saída da casa noturna quando o empresário emparelhou o carro. O irmão do policial afirmou que disse ao motorista que ‘estamos seguindo o carro da frente’. Mas ele disse que o empresário falou que “era do comando”. Eles saíram da casa noturna e o irmão seguiu em direção à São Paulo.
A mãe do policial relatou que na saída da casa noturna o carro do empresário ficou muito colado ao veículo onde eles estavam. Ela destacou que achou que ele fosse bater. E disse que o filho que dirigia [policial] o carro informou ao empresário que seguia o carro da frente. . A mulher contou ainda que abaixou o vidro do carro e pediu que o homem se acalmasse, mas ele continuou irritado, acelerando o carro e gritou “Eu sou do comando!”.
Já a namorada do empresário contou à polícia que na saída da casa noturna um motorista começou a jogar o carro para cima do veículo onde o casal estava. Ela disse que não sabe dizer qual o carro que ficou jogando, mas lembra que os ocupantes do veículo ficaram xingando e mostrando o dedo do meio.
Perseguição
No boletim de ocorrência consta que o policial militar informou que, enquanto dirigia por uma avenida [Francisco Rodrigues Filho] de Mogi ouviu um disparo de arma de fogo e percebeu que veio de dentro de um carro. E que o veículo era do mesmo modelo com que ele cruzou na saída do estacionamento da casa noturna.
O policial disse que acelerou e pediu para que os familiares abaixassem. Ele disse que viu pelo retrovisor que percebeu que estava sendo perseguido. O policial contou ainda que depois do primeiro disparo não viu onde estava o carro do casal de amigos da mãe dele que o seguia. Segundo o policial, rapidamente o carro conseguiu emparelhar com o seu e que viu o motorista apontar uma arma de fogo em sua direção e atirar do lado direito do passageiro do veículo dele.
O policial disse que tinha uma mulher ao lado do motorista do outro carro, sendo que o condutor colocou a arma de fogo na frente dela. Depois desse segundo disparo, o policial que estava com sua arma revidou, descarregando completamente suas munições.
O policial afirmou que ficou preocupado com sua segurança e de seus familiares. Ele ressaltou que foi efetuando disparos e arrancando com o carro para fugir dali e pediu que o irmão fizesse contato com a Polícia Militar. Mesmo em alta velocidade, o policial disse que o carro do empresário ainda o seguia e ficou sem munição.
O policial destacou que não conhecia as ruas da cidade, mas continuou dirigindo em alta velocidade. Na fuga, ele atravessou o canteiro de uma rotatória e o pneu do carro estourou. Mesmo assim, ele continuou a fuga. O policial ressaltou que ele e os familiares estavam desesperados porque o empresário continuava a perseguição.
O policial militar relatou que viu um posto de combustível e disse aos familiares ‘vou parar ali, vocês desembarcam, correm e se escondem’. O policial disse que correu para o lado contrário onde os familiares estavam para chamar a atenção do perseguidor. Ele afirmou que o carro do empresário passou lentamente.
O policial falou que estava atrás de um poste com sua arma empunhada e gritou para o empresário ‘não desce, não desce’. Segundo o policial, o empresário ainda fez dois ou três disparos e o policial disse que continuou gritando para ele ir embora. Em seguida o empresário foi embora e o policial foi encontrar os familiares que estavam assustados, mas sem lesão.
De acordo com o policial, uma viatura da Polícia Militar chegou ao local rapidamente. Depois, ele soube que duas pessoas foram localizadas em um hospital vítimas de disparos de arma de fogo.
Os policiais militares que atenderam a ocorrência relataram no boletim de ocorrência que encontraram o empresário e a comerciante em um hospital particular da cidade. Eles disseram que o empresário contou ter sido vítima de uma tentativa de roubo.
Um dos policiais fez uma vistoria no carro do empresário. E afirmou ter encontrado uma arma com a numeração suprimida, duas munições intactas, sendo uma presa na arma, além de munição deflagrada e dois chumbos estilhaçados. Segundo os policiais, o empresário negou que a arma seria dele. Em seguida, ele recebeu voz de prisão.
Foto: Mateus Costa/TV Diário